Novo balão gástrico dispensa anestesia e tem melhores resultados
Esta investigação, conduzida por Roberta Ienca, da Universidade La Sapienza, de Roma (Itália), é um dos projetos apresentados durante o 24º. Congresso Europeu sobre a Obesidade (ECO), organizado pela Associação Europeia para o Estudo da Obesidade, a decorrer entre quarta-feira e sábado, na Alfândega do Porto.
De acordo com um comunicado da Associação Europeia para o Estudo da Obesidade, os balões intragástricos (IGBs), "têm sido usados como dispositivos de perda de peso há décadas".
"O seu mecanismo de ação é multifatorial, o que facilita a adesão a uma dieta de baixas calorias, induzindo à sensação de saciedade", acrescenta a nota informativa da associação europeia segundo a qual, os procedimentos para introdução do balão, até à data, exigiam recurso a endoscopia e a anestesia, resultando numa taxa de adoção "baixa" e num "alto custo", acrescenta a nota informativa.
Neste estudo, os autores avaliaram a eficácia e a segurança de um novo tipo de balão gástrico - balão de Elipse - que não necessita de endoscopia ou anestesia e é otimizado para reduzir o risco e o desconforto.
Para obtenção dos resultados, foram introduzidos balões Elipse em 42 pacientes (29 homens e 13 mulheres) obesos, com idade média de 46 anos, peso médio de 110 quilogramas e índice de massa corporal (IMC) médio de 39 quilos por metro quadrado, por um período de 16 semanas.
Os pacientes foram também submetidos a uma dieta cetogénica (rica em lípidos, com baixo teor de hidratos de carbono e quantidades moderadas de proteínas), designada por VLCKD, ingerindo cerca de 700 quilocalorias por dia no último mês de terapia, de forma a aumentar a perda de peso e a maximizar os resultados e a satisfação do doente.
De acordo com o comunicado, o balão é engolido e em seguida preenchido com 550 mililitros de líquido, permanecendo no estômago por 16 semanas, período após o qual se abre espontaneamente, esvaziando-se e sendo excretado do organismo.
Assim que o balão é excretado, os pacientes passam para uma dieta mediterrânica, com o intuito de manterem o peso.
Os resultados mostram que, após as 16 semanas, a perda média de peso foi de 15,2 quilos (31%) e a redução média de IMC foi de 4,9 quilos por metro quadrado.
"Não foram registados efeitos adversos graves" durante o tratamento, acrescenta a associação, indicando ainda que as náuseas, os vómitos e a dor abdominal sentidas pelos pacientes em determinados momentos foram resolvidos com medicação.
As conclusões indicam ainda que foram observadas reduções significativas na diabetes, na hipertensão arterial, no colesterol elevado e na síndrome metabólica.
De acordo com Roberta Ienca, referida no comunicado, o balão Elipse parece ser um método seguro e eficaz de perda de peso, auxiliado pela introdução de uma dieta como a VLCKD.
Por não ser necessário recorrer a endoscopia, cirurgia ou anestesia para a sua introdução, o balão Elipse torna-se "adequado para um maior número de pacientes obesos que não respondem a dietas, tratamentos ou a estilos de vida saudáveis".
Este método pode ser utilizado por uma variedade de médicos, que atualmente "não têm acesso ou não são qualificados para proceder a endoscopia ou manuseamento de dispositivos cirúrgicos" para perda de peso, acrescentou a especialista.
Para além disso, a ausência de endoscopia e de anestesia para colocação e remoção do balão pode levar a uma "significativa redução de custos", concluiu Roberta Ienca.