Novembro Mês azul: o que ainda falta melhorar na diabetes
Este mês, ao longo de todo o país muitas foram as comemorações nas associações e centros hospitalares para assinalar este dia. Muitas ações se fizeram para lembrar esta condição e despertar a população para a prevenção da diabetes tipo 2 que afeta grande parte da população portuguesa, já que a diabetes tipo 1 não pode ser evitada. No entanto, a diabetes existe todos os dias, e todos os dias é possível fazer ainda mais pela diabetes e pelas pessoas que vivem as 24h do dia com esta condição!
Nos últimos anos a tecnologia e o acesso a ela tem evoluído muito positivamente e contribuído assim para que cada vez mais pessoas possam viver com diabetes mais tempo e com mais qualidade de vida. Mas quando estamos no terreno, quando vivemos na pele esta mesma condição, muitas coisas ainda falham e é preciso continuar a trabalhar para que sejam resolvidas. É preciso de uma vez por todas dar voz a quem vive com esta condição todos os dias e olhar também para a vida social das pessoas com diabetes!
Tornar o acesso às consultas de especialidade mais ágil e fácil uma realidade, o acesso à tecnologia, o acesso à formação e informação por parte dos doentes e cuidadores mas também por parte dos profissionais de saúde…
Os direitos sociais das pessoas com diabetes estarão a ser satisfeitos? Serão estes suficientes para proteger e garantir a tranquilidade de vida que esta condição requer para garantir uma boa gestão da doença? Será que a pessoa com diabetes tem estabilidade, respeito, condições, no local de trabalho?
Será que os cuidadores informais são reconhecidos como deveriam ser e têm as ferramentas necessárias para auxiliar o cuidado a estas pessoas, muitas ainda crianças?
E a integração? E a Inclusão?
Toda a gente fala de diabetes. Pouca gente fala bem sobre diabetes. Muita gente desconhece o que realmente é a diabetes e de como condiciona (ainda) bastante a vida social de muitas das pessoas com esta condição.
Quantos de nós ouvem comentários descabidos, uns pela ignorância de quem infelizmente não teve ainda a oportunidade de aceder a informação válida, outros por pura maldade? Quantos de nós já viveram situações de más práticas sociais e profissionais que implicaram o nosso sofrimento? Sim, estas situações existem!
E ainda mais grave é saber que existem nas escolas, por parte dos colegas, dos funcionários e dos professores!
Todos temos obrigação de fazer a nossa parte. Os pais e as pessoas com diabetes devem falar, explicar, desmistificar a diabetes em todas as oportunidades, mas também precisam de apoio para o fazer de forma eficaz e de sentir recetividade da outra parte para ouvir, aprender e compreender.
A situação da integração/inclusão das crianças com diabetes nas escolas continua a ser um assunto que não é tratado da melhor forma. Vários esforços estão a ser feitos, a maioria pelas associações e grupos das redes sociais que ouvem na 1ª pessoa o desabafo dos pais que vêem o seu filho sofrer pela falta de compromisso da escola e da saúde escolar em envolver a criança e o jovem na comunidade escolar. Se há escolas que fazem um bom trabalho, e felizmente existem, a maioria desconhece esta urgência e não dá muitas vezes sequer a oportunidade aos pais de fornecerem ajuda e informação.
Estamos em novembro, o mês azul. O mês em que se fala muito sobre diabetes. Mas a escola começou em setembro. Ainda aguardamos diretivas superiores, complementos legais, orientação, trabalho em equipa para que o lema deste ano lançado pela IDF “a diabetes e a família” faça realmente sentido, pois a família (e a escola, os amigos as associações, a saúde escolar… são a nossa família alargada) é muito importante para a boa gestão desta condição.