Nobel da Medicina partilha pormenores da sua investigação sobre o olfato

No Dia Mundial da Doença de Alzheimer, que se assinalou ontem, o investigador foi um dos oradores da cimeira internacional “Alzheimer’s Global Summit”, que começou na segunda-feira e termina hoje na Fundação Champalimaud, um evento que é coorganizado Fundação Rainha Sofia, de Espanha.
Richard Axel e Linda B. Buck foram laureados em 2004 com o Prémio Nobel da Medicina por terem descoberto "uma grande família de genes, constituída por cerca de mil genes diferentes (3% dos nossos genes), que está na origem de um número equivalente de tipos de recetores olfativos".
Na Fundação Champalimaud, o médico mostrou imagens dos recetores olfativos, através das quais foi pormenorizando o trabalho desenvolvido.
Em 2004, aquando do anúncio dos laureados, a Assembleia Nobel explicou que “o olfato foi durante muito tempo o mais enigmático dos nossos sentidos. Não se compreendiam os princípios básicos para reconhecer e recordar cerca de 10.000 odores diferentes".
Os laureados "resolveram este problema e, numa série de estudos pioneiros, esclareceram como é que o nosso sistema olfativo funciona", adiantava a Assembleia Nobel em comunicado.
Assumindo-se como “um homem profundamente religioso”, Richard Axel começou a sua intervenção recordando uma data muito importante para os judeus, referindo-se ao “aniversário da criação do homem”, assinalado ontem.
O dia começou, aliás, com uma visita do médico à Sinagoga de Lisboa, para assinalar esta data de “profunda introspeção”.
Aquando do anúncio da atribuição do Nobel da Medicina a Richard Axel e Linda B. Buck, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica enalteceu esta escolha, destacando que “quanto melhor se conhecer os mecanismos que estão por detrás das funções normais, melhor a investigação terapêutica se orienta para os alvos que estão por detrás das suas alterações”.
A investigação vai contribuir “muito positivamente” para a melhoria da investigação de medicamentos que auxiliem quem, por motivos de doença, perde ou olfato, salientou na altura Graça Castel-Branco, membro da direção da SPAIC.
Richard Axel foi o segundo laureado com o Nobel da Medicina a marcar presença na cimeira internacional “Alzheimer’s Global Summit”, depois de John O´Keefe ter partilhado com os participantes a identificação de um “GPS” cerebral, que lhe valeu o prémio em 2014.
Neste encontro, que termina hoje, participam mais de 80 peritos mundiais. O evento tem contado com a presença da rainha Sofia de Espanha.