Necessidade de um Plano Nacional para as Demências em Portugal
Nesta carta, a Alzheimer Portugal procurou alertar para a extrema importância de que se reveste a realização da Conferência da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre Acção Global Contra a Demência, na qual Portugal deveria estar representada ao mais alto nível por forma a contribuir para que a problemática da Demência se torne prioritária a nível global.
No mesmo documento endereçado ao Executivo português, a Associação procurou sensibilizar para a urgência em se dar seguimento ao previsto Plano Nacional para as Demências, em cuja criação e posterior implementação a Alzheimer Portugal se propõe colaborar, dada a sua experiência de longos anos no apoio a pessoas com demência e aos seus cuidadores.
“Os mais recentes dados epidemiológicos apontam para a existência de 182.000 pessoas com demência em Portugal, das quais 130.000 têm doença de Alzheimer, forma de demência mais prevalente. No entanto, não existe em Portugal um Plano Nacional para as Demências, ao contrário do que se verifica em vários países da Europa, resultando numa inexistência de respostas especializadas. Os impactos sociais e económicos desta doença progressiva são cada vez mais relevantes e as diferentes exigências ao longo do percurso requerem, por um lado, apoio e formação aos cuidadores através de uma intervenção pluridisciplinar e de proximidade e, por outro lado, serviços e respostas específicos para pessoas com Demência. Acreditamos que só assim será possível melhorar, desdramatizar e valorizar o acto de cuidar, contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida das pessoas com Demência e para uma promoção dos seus direitos”, refere Carneiro da Silva, Presidente da Direcção da Alzheimer Portugal.
Para a Alzheimer Portugal, os eixos fundamentais de um Plano Nacional para as demências deverão incluir aspectos como:
1 - Melhoria da qualidade de vida das Pessoas com Demência e dos seus cuidadores, abrangendo-se aqui as questões que se prendem com a intervenção farmacológica e não farmacológica, com os apoios sociais e com os equipamentos, através da criação e implementação de políticas de saúde e de enquadramento social específicas;
2 - Investigação sobre as causas, prevenção e diagnóstico da Doença de Alzheimer e recolha de dados epidemiológicos.
3 - Criação de quadro jurídico definidor dos Direitos das Pessoas em situação de incapacidade, incluindo o enquadramento legal dos cuidados, da intervenção e da investigação.
4– Definição, a partir do conhecimento dos meios actuais e das necessidades reais das pessoas com demência e dos seus cuidadores, da rede de apoios e cuidados de saúde, devidamente articulada, definindo as competências públicas e da sociedade civil, assim como os respectivos financiamentos.
A nível europeu, está a decorrer a campanha da Alzheimer Europe para a assinatura online da Declaração de Glasgow, que apela à criação de uma estratégia europeia para as demências e de estratégias nacionais em todos os países da Europa. Os signatários apelam também a todos os líderes do mundo para que reconheçam a Demência como uma prioridade de saúde pública e para que desenvolvam um plano de acção global para as demências. Mais de 200 portugueses já assinaram a Declaração, sendo Portugal um dos países com mais subscritores. Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda assinou também a Declaração de Glasgow, sendo a primeira deputada portuguesa a fazê-lo e, até agora, a única.