Estudo

Mutações genéticas que causam cancro podem ter origem em erros do sistema imunitário

Mutações genéticas que impulsionam o desenvolvimento de um tipo comum de leucemia infantil podem ser atribuídas a erros do sistema imunitário durante a produção de anticorpos, afirma uma equipa de investigadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido.

De acordo com a equipa de investigação britânica, o sistema imunitário necessita de gerar milhões de anticorpos diferentes, todos os dias, para combater um grande número de potenciais infeções; para atender a essa necessidade, os glóbulos brancos que fazem anticorpos “remodelam” o seu ADN, produzindo anticorpos únicos. Para já, este estudo conseguiu identificar um conjunto de erros que decorrem deste processo e que estão na origem da leucemia infantil.

Durante a produção de anticorpos, o ADN é cortado e unido por enzimas denominadas recombinases e as regiões indesejadas do ADN entre os segmentos de genes requeridos são então expulsas do genoma.

Os investigadores descobriram que, por vezes, as enzimas recombinase ligam-se a esses subprodutos de ADN, o que cria complexos altamente perigosos de enzima / ADN que causam cortes aleatórios no ADN de todo o genoma, levando ao aparecimento do cancro.

Foi anteriormente demonstrado que o tipo mais comum de cancro do sangue na infância, a leucemia linfoblástica aguda, começa com uma mutação genética no útero.

Sozinha, esta mutação genética iniciadora não pode causar diretamente leucemia – o cancro só se desenvolverá se as mutações genéticas secundárias ocorrerem durante a primeira infância.

Por exemplo, a translocação cromossómica ETV6 / RUNX1 é encontrada em cerca de um quarto dos casos de leucemia linfoblástica aguda infantil, mas apenas cerca de uma em cada 100 crianças nascidas com a translocação ETV6 / RUNX1 desenvolve leucemia.

Os investigadores mostraram que este processo pode explicar de que forma algumas dessas mutações secundárias ocorrem na leucemia ETV6 / RUNX1.

Esta pesquisa  adicionou os complexos enzima / ADN às células derivadas de pacientes com leucemia linfoblástica aguda no laboratório. As mutações genéticas resultantes que se formaram foram localizadas no genoma usando o sequenciamento de ADN, sofisticados programas de tecnológicos e uma técnica chamada reação em cadeia da polimerase, que pode fazer várias cópias de regiões específicas do ADN.

28 das alterações cromossómicas causadas pelo processo também estavam presentes em crianças com leucemia com a mutação ETV6 / RUNX1, assim como as quebras de ADN ocorreram nos mesmos genes causadores de cancro que são frequentemente mutados na leucemia ETV6 / RUNX1-positiva e outras leucemias.

O investigador que liderou a pesquisa, acredita que “o preço que pagamos por um sistema imunitário tão eficaz é que ocasionalmente podem ser cometidos erros que podem causar o desenvolvimento de cancros do sangue”.

“Agora que sabemos exatamente como esse processo funciona, podemos ser capazes de o parar através da criação de novos medicamentos”, acrescentou Joan Boyes.

“Sabemos que a leucemia infantil precisa de, pelo menos, dois passos para se desenvolver e algumas evidências sugerem que o segundo gatilho ocorre quando o sistema imunitário de uma criança reage de maneira anormal às infeções. Com uma pesquisa tão importante como esta, que ajuda a construir um quadro mais completo do que causa a leucemia infantil, podemos começar a pensar em maneiras de impedir que isso aconteça”, disse outro investigador.

Fonte: 
PIPOP
Nota: 
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