Mortalidade por cancro da mama tem diminuído
Os últimos dados estatísticos sobre o cancro da mama são de 2012 e são optimistas, uma vez que a incidência de cancro da mama continua a aumentar. Porém, a mortalidade diminuiu. Assim, “em 2012 a incidência em Portugal foi de 6.088 doentes e faleceram 1.570, o que corresponde a 18,4%. A prevalência foi de 5.440 ao ano, 15.390 aos 3 anos e 24.284 aos 5 anos”, refere Maria José Passos, oncologista médica do IPO Lisboa.
O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o cancro da pele), e corresponde à segunda causa de morte por cancro, na mulher.
Em Portugal, anualmente são detectados cerca de 4.500 novos casos, e 1.500 mulheres morrem com esta doença com elevado impacto na sociedade, não só por ser muito frequente, e associado a uma imagem de grande gravidade, mas também porque agride um órgão cheio de simbolismo, na maternidade e na feminilidade.
Segundo Maria José Passos, “o cancro da mama é mais frequente nas mulheres de estrato socioeconómico mais elevado. A razão não é bem conhecida, mas especula-se que poderá dever-se a vários factores relacionados com diferentes estilos de vida, nomeadamente obesidade, dieta, factores ambientais. Já nas doentes com condição económica mais limitada, o cancro da mama é não raras vezes diagnosticado em fases avançadas porque procuram tardiamente o médico”.
Desta forma, o prognóstico varia consoante o estádio em que a doença é diagnosticada e das características do tumor primitivo. Por isso, é muito importante que esteja atenta a determinados sinais e sintomas, e perante os mesmos procure o seu médico. “De um modo geral as probabilidades de cura aumentam quando o diagnóstico é feito nos estádios iniciais da doença. Além disso permite que os tratamentos sejam menos agressivos, como por exemplo a cirurgia. Se o tumor for pequeno poder-se-á extrair apenas o tumor (tumorectomia) em vez de retirar toda a mama, e muitas vezes também os gânglios da axila (mastectomia radical)”, explica a oncologista.
Em muitos casos o tratamento pode controlar a doença e transformá-la em doença crónica sem sintomas, garantindo à doente uma boa qualidade de vida. Porém, alerta a especialista, deverá sempre haver uma vigilância médica periódica. Em casa, e mesmo nos casos em que não há doença, deve-se proceder ao auto-exame. “Embora não não substitua o exame médico, o auto-exame deve ser feito a seguir ao período menstrual nas mulheres pré menopáusicas e nas outras uma vez por mês”, comenta a oncologista.
Principais factores de risco
Os factores que provocam o cancro da mama e a forma como as mulheres se podem proteger para diminuir esse risco não são completamente conhecidos e continuam a ser investigados. “Não sabemos ainda como prevenir o aparecimento da doença, mas há várias medidas que podemos tomar para diminuir esse risco. Cada mulher deve consultar o seu médico para procurar o aconselhamento mais adequado ao seu caso”, explica Maria José Passos, sublinhando que, como em outros tipos de cancro, há vários factores dependentes do nosso estilo de vida que contribuem para aumentar o risco de cancro da mama:
- Obesidade
- Vida sedentária
- Abuso de Álcool – os estudos sugerem que a ingestão de mais do que 1-2 bebidas alcoólicas por dia aumenta o risco de cancro da mama ou recidiva tumoral após tratamento.
- Hábitos alimentares - aconselhável comer mais legumes e frutos, em vez de alimentos à base de gorduras animais
- Evitar exposição a altas doses de radiação ionizante que aumenta o risco de cancro da mama.
Contudo, em alguns casos existe uma predisposição genética para cancro na mama e ovário. “É o que acontece em mulheres com mutações genéticas dos genes 1 e 2 (BRCA1 ou BRCA2)”, refere Maria José Passos, acrescentando que, estão disponíveis testes genéticos para identificar essas mutações, mas só devem ser feitos após aconselhamento médico e nunca por rotina.
Atenção aos sinais e sintomas de alerta:
- Nódulos duros, heterogéneos e /ou empastamento mamário ou das axilas
- Alterações no tamanho e forma da mama
- Dor e ou corrimento mamilar, sobretudo se for unilateral e com sangue
- Inversão do mamilo
- Ulceração do mamilo
- Irritação da pele ou outras lesões cutâneas de novo ou persistentes
- Mamas quentes, edemaciadas com sinais de inflamação (pele de casca de laranja)
- Dor mamária persistente (+ raramente).
Novos tratamentos. Mais esperança
Nos últimos anos registaram-se progressos muito importantes, que permitiram que os tratamentos fossem melhor tolerados, como por exemplo a utilização de antieméticos mais eficazes. Inclusive em muitas mulheres é possível preservar a fertilidade. “Nos casos em que apenas se utiliza cirurgia e radioterapia a fertilidade não é afectada e a doente pode engravidar sem problema”, refere a oncologista acrescentando que, “pelo contrário a quimioterapia antineoplásica pode provocar insuficiência ovárica e levar a uma menopausa precoce, sobretudo nas doentes com mais de 40 anos. Quanto mais avançada for a doença, mais agressiva terá que ser a terapêutica e maior a probabilidade de atingir a função ovárica. Nestes casos podem utilizar-se vários métodos de preservação da fertilidade antes do início da quimioterapia citostática”.
Ou seja, a forma como o tratamento do cancro da mama pode afectar a fertilidade depende de vários factores, como a idade, tipo de tratamento e estádio da doença, pois nem todos os tipos de cancro da mama afectam a fertilidade.