Moçambique tem maior taxa de suicídio, Angola com subida significativa
Moçambique surge como o país africano com a mais elevada taxa em 2012, com 27,4 suicídios por 100 mil habitantes. Já em Angola a taxa era em 2012 de 13,8 por 100 mil pessoas, quando no ano 2000 se situava nos 9,2.
“Neste momento o suicídio em Moçambique é assustador. É o número mais elevado do continente africano e é um dos mais elevados do mundo. Em Angola o suicídio tem vindo a aumentar brutalmente”, afirmou à agência Lusa o psiquiatra português Ricardo Gusmão, que foi revisor do relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para este médico, a situação em África “começa a ser muito preocupante”: “Está a aumentar o suicídio no continente africano, ou seja, estão a aumentar os problemas de saúde mental”.
Ricardo Gusmão considera que as questões de saúde mental têm sido negligenciadas pelas agências de cooperação e desenvolvimento que operam nesses países.
“Tradicionalmente, nos países africanos e em desenvolvimento que são alvo de acções de desenvolvimento e cooperação, há uma grande preocupação em relação a doenças transmissíveis, em relação aos problemas da pobreza, da fome, da violação dos direitos humanos. Mais uma vez parece que globalmente estamos a começar a cometer o erro de não olhar para as consequências disso tudo. Todos os problemas desses países são determinantes de saúde mental”, referiu.
Em Cabo Verde, outro país africano de língua portuguesa, a taxa de suicídio desceu 12,3% entre 2000 e 2012, situando-se no último ano nos 4,8 casos por 100 mil habitantes.
Na Guiné-Bissau deu-se um aumento de 7,9% nos anos analisados pela OMS, situando-se a taxa em 4,7 por 100 pessoas.
Em Portugal, os dados de 2012 mostram que a taxa de suicídio foi de 8,2 por cada 100 mil habitantes, quando em 2000 se situava nos 8,8. De acordo com o relatório, a taxa de suicídio em todo o mundo foi de 11,4 por 100 mil habitantes.