Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos

Moçambique está a fazer “caminho de progresso” na saúde

Moçambique está a fazer “um caminho de progresso” na área da saúde, avaliou o bastonário dos farmacêuticos portugueses, que está no país para assinar um protocolo com uma universidade e inaugurar um centro do medicamento.

Moçambique tem feito, “indiscutivelmente”, um “caminho de progresso e desenvolvimento” na saúde, disse o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Carlos Maurício Barbosa, em declarações à Lusa, a partir de Maputo.

Persistem problemas, por exemplo uma tendência para a automedicação – escapando assim às longas filas de acesso aos serviços de saúde – e uma utilização não racional dos medicamentos, reconheceu. “Se nós, em Portugal, temos problemas desse género, naturalmente em Moçambique temos problemas muito maiores. Até porque o sistema de saúde em Moçambique não está tão preenchido quanto deveria”, comparou, propondo “uma repovoação de técnicos de saúde, entre os quais farmacêuticos”.

Porém, “há um caminho a ser percorrido”, observou o bastonário, recordando que, em 1997, “havia apenas sete farmacêuticos” no país africano. Foi nesse ano que Carlos Maurício Barbosa ajudou a criar o primeiro curso de Farmácia em Moçambique e, na altura, o único em todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

“Apoiámos a constituição de uma profissão que era inexistente em 1997”, lembrou, adiantando que esse primeiro curso é hoje “auto-suficiente”.

Na sexta-feira, será inaugurada outra licenciatura em Farmácia, desta feita na Universidade Lúrio (UniLúrio), em Nampula, no Norte do país, com a qual a Ordem dos Farmacêuticos portuguesa vai assinar um protocolo de cooperação.

O objectivo é “colaborar na coordenação desse curso, no apoio às questões técnicas, científicas e pedagógicas e também no apoio à docência, através de professores das faculdades de Farmácia portuguesas, que a Ordem motivará para colaborar neste novo projecto”, adiantou o bastonário.

Simultaneamente, no mesmo dia, será inaugurado um centro de informação sobre medicamentos, que “estará disponível para todo o país”, a partir de Nampula.

Os profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, farmacêuticos – passarão a poder aceder a “todas as informações sobre os diferentes medicamentos que usam”, o que se reveste “de capital importância”, destacou Carlos Maurício Barbosa. “É vital para o bom uso, para o uso racional, para o uso responsável do medicamento”, concretizou.

Em Moçambique desde terça-feira, o bastonário português visitou o Hospital Central de Maputo, o Departamento Farmacêutico (agência reguladora, congénere do Infarmed em Portugal), a fábrica de medicamentos, que produz soros e anti-retrovirais, e a central de medicamentos e artigos médicos (central de compras do Estado, responsável pela distribuição pelo país).

A Ordem - que tem, desde 2010, um protocolo com o Ministério da Saúde moçambicano para formação, treino e estágio em Portugal, que já recebeu “uns 30 quadros” - vai, em breve, começar a formar na área da logística. “Moçambique tem uma extensão territorial enorme, é muito importante que os medicamentos cheguem aos locais no tempo necessário e com a qualidade devida”, justificou o bastonário.

No domingo, Carlos Maurício Barbosa vai encontrar-se com o ministro da Saúde moçambicano em Pemba, província de Cabo Delgado, onde Alexandre Manguele se encontra em campanha eleitoral para as eleições de 15 de Outubro.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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