Profissionais de saúde

Ministério recua na “lei da rolha”

O Ministério da Saúde recuou em algumas medidas previstas no código de conduta ética dos médicos e que, face a obrigações de segredo, já era apelidado de “lei da rolha” pelos profissionais de saúde.

No diploma publicado ontem em Diário da República, a tutela abre excepções que possibilitam a quebra do segredo. “O dever do sigilo profissional não deverá impedir a comunicação de irregularidades, nomeadamente situações que prefigurem erros ou omissões que possam prejudicar os destinatários da actuação da instituição” de saúde, diz o despacho.

O código admite ainda a possibilidade de quebra do sigilo quando esteja em causa a necessidade de denúncia de factos “relevantes às instâncias externas administrativas reguladoras, inspectivas, policiais e judiciárias”.

No início deste mês, o ministério tinha já adiantado ter enviado para publicação o diploma com quase todas as sugestões dos vários agentes do sector acatadas, nomeadamente da Ordem dos Médicos. Garantiu ainda que não pretendia que o mesmo fosse um “código de censura”.

Opinião diferente emitiu então a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que prometeu desenvolver “todos os esforços no plano reivindicativo e no plano das instituições judiciais para impedir que o anteprojecto indigno de um Estado Democrático” fosse publicado.

A criação do código de ética gerou polémica, tendo levado os médicos a apelidá-lo de “lei da rolha”, por considerarem que tinha como objectivo a criminalização de denúncias, inibindo, desta forma, os profissionais de saúde de falarem.

A FNAM criticava a invocação, no código, do “prejuízo à imagem ou reputação da (entidade)” como sendo o “suficiente para determinar a violação do sigilo e da confidencialidade”.

O código mantém, porém, “o dever de confidencialidade” mesmo “após a cessação de funções”, alínea que era considerada escandalosa pela FNAM.

O regulamento recuou ainda noutro ponto polémico relativo à possibilidade de os médicos aceitarem ofertas. O anteprojecto estabelecia que os presentes deveriam ser encaminhados para instituições de solidariedade, enquanto o código publicado já aceita as ofertas feitas na base de uma mera “relação de cortesia” e que “tenham valor insignificante”.

Fonte: 
Público Online
Nota: 
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