Ministério do Ambiente tem 14 edifícios com amianto e risco "não muito relevante"
"Já fizemos o levantamento e as análises e concluímos que existem 14 edifícios com amianto, mas com um potencial de risco médio, portanto não é muito relevante", avançou Inês Diogo , da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), falando à margem de uma acção de sensibilização sobre a substância, usada durante muitos anos na construção de edifícios, mas que passou a proibida por ser cancerígena.
A iniciativa é organizada pela Quercus e reúne especialistas de várias áreas, apresentando um "mini estaleiro" com os equipamentos utilizados nas operações de remoção de amianto pela empresa Interamianto, a única certificada para este trabalho, em Portugal.
Em Julho do ano passado, o Governo divulgou a lista de edifícios públicos que "presuntivamente contêm amianto na sua construção" e que eram 2.015, ou seja, 16% do total.
Na altura, o Governo dizia que os dados daqueles edifícios iriam ser analisados para ser determinado quais deviam ser sujeitos a acções regulares de monitorização e quais deviam ter confirmação dos resultados ou determinação da necessidade de acções correctivas.
Naquela lista, o Ministério do Ambiente, liderado por Jorge Moreira da Silva, tinha 16 edifícios com amianto, e destes 14 tiveram a confirmação de existência de amianto.
"Estamos agora a desenvolver as próximas acções para ver quais serão os próximos passos", referiu Inês Diogo.
Questionada acerca do destino dos materiais com amianto, após serem retirados dos edifícios, a responsável da APA explicou que se integram nos resíduos de construção e demolição e, "neste momento, são todos encaminhados para aterro".
Existe uma Comissão Técnica do Amianto que "está a estudar esta problemática e a arranjar formas para fazer a rastreabilidade do resíduo para não se juntar a resíduos não perigosos e podendo esses ser valorizados", acrescentou.
Igualmente presente na acção de sensibilização, a decorrer nas instalações da APA, perto de Lisboa, estava o conselheiro do Comité Económico e Social Europeu, Jorge Pegado Liz, que participou na elaboração de um parecer sobre amianto, publicado em Fevereiro.
O estudo verificou que, "numa série de situações na Europa, não só o amianto, não tinha sido erradicado, como ainda se faziam construções utilizando o amianto, e a 'desamiantagem' era feita sem ser nas melhores condições", disse aos jornalistas o especialista.
É proposto erradicar totalmente o amianto na construção, não só a utilização em materiais para construir novos edifícios, como também a retirada nos antigos.
"No parecer, a situação das pessoas afectadas pelo amianto são caracterizadas como vítimas do amianto o que tem uma carga penal importante", acrescentou.
Quanto à situação de Portugal, "não sendo eventualmente das mais gravosas da Europa, foi considerada bastante grave no processo de 'desamiantagem' de um conjunto de casos, designadamente nas escolas onde tem sido particularmente sensível", referiu Jorge Pegado Liz.