Método de apresentação de casos da OMS criticado
“É inútil dizer que há tantos casos confirmados e mortes desde o início da epidemia, o que é preciso é saber quantos casos por semana, é o único método para compreender a evolução da doença”, declarou Hans Rosling, professor de saúde pública na Suécia.
Rosling trabalha sobre o Ébola com o Ministério da Saúde da Libéria, um dos três países mais afectados pelo vírus, juntamente com a Serra Leoa e com a Guiné-Conacri.
“Desde 1 de Janeiro de 2015, contamos cerca de um caso de Ébola confirmado por dia” na região, adiantou, comparando com Agosto quando se registavam 20 casos por dia.
O professor sueco chamou ainda a atenção para a necessidade de enviar especialistas em doenças epidémicas para a região.
“Enviar pessoas sem experiência para o terreno não é útil”, disse.
O coordenador da ONU para a luta contra a epidemia, David Nabarro, indicou no mesmo debate que a região precisava “de seis dezenas de especialistas em coordenação, africanos”, para optimizar todos os programas de ajuda em curso.
Banco Mundial reduziu estimativa de prejuízo económico da epidemia
O Banco Mundial (BM) reduziu a sua estimativa do prejuízo económico da epidemia de Ébola, mas alertou que os três países africanos mais afectados ainda terão de suportar um custo elevado.
Num relatório divulgado na terça-feira, o BM indicou que a epidemia custará este ano 6,2 mil milhões de dólares (5,3 mil milhões de euros) aos países da África subsaariana, quando numa estimativa divulgada em Outubro referia o valor de 25 mil milhões de dólares (21,5 mil milhões de euros).
“A eventualidade de uma propagação além dos três países afectados e o seu custo económico são agora muito mais baixos do que o que se temia graças às acções intensivas dos países e da comunidade internacional”, disse a instituição.
“Atingidos em cheio” pelo vírus do Ébola, a Guiné-Conacri, a Serra Leoa e a Libéria vão continuar a pagar este ano um pesado custo, calculado no total pelo BM em 1,6 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros).
De acordo com o relatório, a Serra Leoa será o país mais afectado economicamente, com um custo de 920 milhões de dólares (794,7 milhões de euros), seguido da Guiné-Conacri (540 milhões de dólares ou 466 milhões de euros) e da Libéria (180 milhões de dólares ou 155 milhões de euros).
Como em 2014, a epidemia da febre hemorrágica deve igualmente amputar as perspectivas de crescimento dos três países. Para a Serra Leoa, é esperada para este ano uma recessão de 3%, quando antes do início da crise estava previsto um crescimento de 8,9%. A Guiné-Conacri deve ter uma recessão menor (-0,2%), enquanto a Libéria poderá crescer 3%, segundo o BM.
“Até atingirmos o objectivo de zero casos de Ébola, o risco de um grave impacto económico para os três países continua inaceitavelmente alto”, considerou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, citado num comunicado.
A epidemia de Ébola, que causou perto de 8.500 mortos desde há um ano, a grande maioria na África Ocidental, parece registar um ligeiro declínio, revelou recentemente a Organização Mundial de Saúde.