Meningite
A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinal. Trata-se de uma doença muito frequente e preocupante em Pediatria pelo risco de complicações neurológicas a que pode estar associada.
Habitualmente, tem origem numa infecção provocada por vírus ou bactérias, podendo também ser provocada por fungos ou outros parasitas. A infecção surge frequentemente nas vias respiratórias, embora possa ter início em qualquer parte do organismo (sistema digestivo, tracto urinário ou na pele, por exemplo).
Ou seja, a maior parte das bactérias e vírus que provocam a meningite chegam às meninges a partir de uma região já infectada, percorrendo a corrente sanguínea até chegarem ao sistema nervoso central. Os agentes infecciosos podem ainda entrar no cérebro directamente devido, por exemplo, a uma ferida ou a uma intervenção cirúrgica.
As meningites virais são as mais frequentes mas, de maneira geral, menos graves e muito raramente são fatais. É habitual estas meningites passarem despercebidas e confundirem-se com outras doenças. Já a meningite bacteriana pode ocorrer em indivíduos de qualquer idade, embora seja mais prevalente entre os bebés, crianças e idosos. Os adolescentes e os jovens, devido à partilha de espaços e ao muito tempo que passam em contacto próximo, correm também maior risco de contrair a doença.
O período de incubação, desde o contágio até aparecerem os sintomas iniciais da doença, é variável, desde alguns dias até semanas, dependendo do tipo de agente infeccioso.
Actualmente o tratamento para a meningite é eficaz, mas é especialmente importante que seja feito um diagnóstico precoce para se dar início à terapêutica adequada o mais cedo possível. Desta forma, poder-se-á prevenir a evolução da doença que se pode revelar fatal ou com possíveis lesões cerebrais.
Causas
São vários os agentes etiológicos implicados, sendo alguns vírus e bactérias os responsáveis pela quase totalidade dos casos. Podem também, mais raramente, ser causadas por fungos ou parasitas.
Presume-se que as bactérias, vírus e fungos se aproveitem de uma debilidade do sistema imunitário (sistema de defesa) das vítimas, sendo as crianças, idosos e pessoas com sistema imunológico enfraquecido as mais vulneráveis. A contaminação faz-se através de gotículas de saliva, que são expelidas durante um ataque de tosse, um espirro, através da partilha de talheres, etc. De salientar que, as bactérias da meningite não sobrevivem muito tempo fora do corpo humano. Por isso, ao contrário da crença comum, é impossível sermos contaminados através de um telefone público, água de uma piscina, puxadores das portas, etc.
Os agentes bacterianos mais frequentes são o meningococo (Neisseria meningitidis), o Haemophilus influenzae tipo b e o pneumococo (Streptococcus pneumonia). Desde a introdução da vacina anti-haemophilus, o número de casos de doença invasiva por este agente tem vindo a diminuir.
As meningites bacterianas podem originar elevado número de complicações neurológicas e constituíram na era pré-antibiótica um grupo de doenças quase sempre fatal. O diagnóstico e tratamento precoces, bem como a melhoria das medidas de suporte permitiram diminuir a mortalidade para valores inferiores a 10 por cento.
As meningites víricas incluem várias etiologias (agentes), mas a maior parte das vezes curam-se espontaneamente e sem complicações. Pode, no entanto, acontecer que os seus sintomas sejam muito graves e próximos de uma meningite bacteriana e, nestes casos, é necessário recorrer à hospitalização. Por isso saber a causa de uma meningite é fundamental para aplicar o tratamento adequado.
Factores de risco
A maioria dos casos de infecção meningocócica ocorre como incidente isolado e esporádico. As comunidades fechadas (creches, lares, escolas, etc.) constituem um ambiente propício à transmissão da doença.
O número de casos aumenta nos meses de Inverno, quando ocorre um aumento dos casos de doenças transmitidas por gotículas expiradas, como consequência directa da maior incidência de infecções respiratórias.
Sintomas
Os sintomas variam com a idade do indivíduo e com o tipo de meningite. No entanto, existem vários sintomas que, em conjunto, alertam para a existência de uma meningite: febre elevada, vómitos (frequentemente a meningite anuncia-se através destes dois sintomas), dor de cabeça intensa (relacionada com a inflamação das meninges e com a maior pressão do líquido cerebrospinal, então mais espesso), rigidez do pescoço, confusão mental, convulsões, perda de apetite, dor de garganta, letargia e insónia ou excessiva sonolência.
Ou seja, uma inflamação dos tecidos cerebrais impede o afluxo sanguíneo e a meningite produz sintomas semelhantes aos da paralisia.
Os adultos podem adoecer gravemente em 24 horas e as crianças podem adoecer com gravidade em menos tempo. Nos bebés e nas crianças mais pequenas há que ter atenção à irritabilidade invulgar, à sonolência e ao chorar sem parar, sendo também essencial ver se as fontanelas se encontram salientes. Podem também surgir convulsões, especialmente nas crianças pequenas. Os sintomas nas crianças com menos de 2 anos são menos típicos e muitas vezes menos pronunciados, para além de os bebés serem incapazes de explicar o que sentem. Daí ser importante estar atento aos sintomas exteriores.
As crianças mais velhas e os adultos podem apresentar-se irritáveis, confusos e cada vez mais sonolentos. Em crianças de até 8 ou 9 meses deve-se suspeitar da doença quando houver febre, irritação ou agitação, vómitos e recusa alimentar, convulsões e "moleira" inchada.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através da história do doente e de exames físicos que ajudarão a identificar o agente causal. É, por isso, importante informar o médico sobre os sintomas (há quantas horas/dias/semanas) e também se tomou algum remédio.
Prevenção
A prevenção da maioria das meningites é feita através da vacina, porém, não existe ainda uma vacina para a meningite provocada pela bactéria meningococos do tipo B, que é uma das bactérias mais perigosas.
Em Portugal, o Programa Nacional de Vacinação inclui, desde Janeiro de 2006, a vacina conjugada contra o meningococo C, combatendo a doença causada pela bactéria Neisseria meningitidis ou meningococo.
Tratamento
O factor mais importante para o sucesso do tratamento é a prontidão do diagnóstico e o isolamento dos doentes. Assim, as meningites não tratadas podem ser mortais, na maioria dos casos, ou deixar sequelas neurológicas. Se forem tratadas a tempo e de forma adequada a taxa de mortalidade é de 10 por cento.
As meningites bacterianas são essencialmente tratadas no hospital, através de antibióticos administrados por injecções intravenosas com antibiótico adequado ao tipo de microrganismo.
A meningite vírica não pode ser tratada com antibióticos. A recuperação é normalmente completa podendo persistir sintomas como as cefaleias, a prostração e a depressão.
Consequências
A meningite C é particularmente perigosa, pois as vítimas podem adoecer gravemente e até morrer, num período de apenas algumas horas após o aparecimento dos primeiros sintomas (podem assemelhar-se a simples sintomas de gripe), mesmo com tratamento imediato.
Aproximadamente uma em cada cinco crianças que sobrevivem à infecção acaba por sofrer de problemas graves, entre outras:
- Surdez
- Lesões nas meninges
- Amputações
- Danos cerebrais - Paralisia cerebral ou deficiência mental
- Epilepsia
- Cegueira