Meia centena de candidatos a doar gâmetas nos centros públicos desde janeiro
Os gâmetas têm sido um recurso para alguns casais com problemas de infertilidade, mas desde o ano passado que os gâmetas podem também ser usados por mulheres solteiras ou casais de lésbicas, não exigindo a existência de doença.
Tendo em conta o previsível aumento da procura deste material genético que o alargamento do acesso às técnicas veio permitir, o Governo lançou uma campanha de promoção das dádivas e aumentou de um para três os centros de colheita em hospitais públicos.
Atualmente, os candidatos a dadores podem oferecer-se para doar gâmetas no Centro Hospitalar do Porto (que já o fazia), no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e no Centro Hospitalar Lisboa Central (Maternidade Alfredo da Costa).
Segundo Caldas Afonso, que dirige o Centro Materno Infantil do Norte, onde funciona o Banco Público de Gâmetas, desde janeiro disponibilizaram-se quatro homens e 10 mulheres para doarem gâmetas.
Este centro tinha realizado uma campanha de promoção de dádivas que arrancou em setembro do ano passado, mais dirigida à população estudantil da região.
Entre setembro e janeiro deste ano, ofereceram-se 44 homens e 20 mulheres.
Dos candidatos masculinos, 13 já se encontram em fase avançada de doação e quatro têm as colheitas em quarentena (processo que demora seis meses).
No caso das mulheres, metade estão em estudo para estimulação folicular, fase do processo que antecede a recolha dos óvulos.
Caldas Afonso reconheceu que o número de candidatos conseguidos desde janeiro deste ano, e no seguimento da campanha, ainda é insuficiente, tendo em conta as necessidades que são identificadas nas consultas de infertilidade.
“Entre 10 a 15% dos casos que chegam à consulta de infertilidade têm necessidade de gâmetas”, disse.
Contudo, este responsável reconheceu que ainda é cedo e que só no final do ano é que poderá ser avaliado o impacto do aumento de centros de colheita e também da campanha de promoção da dádiva.
Em Coimbra ofereceram-se para dadores oito homens e quatro mulheres.
Segundo Teresa Almeida Santos, que dirige o centro de colheitas do CHUC, um dos homens já efetuou a primeira colheita (das sete que tem de realizar).
Sobre a resposta ao apelo à doação, a especialista em medicina da reprodução disse estar a ser a esperada, prevendo-se que só ao final de cerca de nove meses é que o material genético deva estar disponível.
Em Lisboa, foram, até ao momento, selecionados 12 dadores: sete homens e cinco mulheres.
Graça Pinto, responsável pelo centro de colheita na Maternidade Alfredo da Costa (MAC), sublinhou que o processo da dádiva tem várias etapas: contactos com potenciais dadores, avaliação (que inclui uma consulta médica, psicológica, análises de sangue, avaliação de qualidade espermática, no caso dos homens) e agendamento das dádivas.
No caso dos homens, a amostra de esperma tem de submeter-se a uma quarentena de seis meses. Os óvulos colhidos às mulheres são congelados de imediato após a recolha.
Além dos centros públicos, as clínicas privadas também disponibilizam gâmetas, provenientes de dádivas ou importadas, pelos quais é cobrado um preço no âmbito da técnica aplicada.