Tentativa de condicionar actividade privada dos profissionais

Médicos acusam ARS-LVT

Os médicos acusam a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo de cometer uma ilegalidade ao tentar impedir os profissionais de trabalharem em mais de duas unidades privadas.

Uma carta da Federação Nacional dos Prestadores de Cuidados de Saúde, contesta que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) esteja a tentar condicionar o direito à actividade privada dos médicos, invocando uma circular com 25 anos.

Na carta enviada à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a Federação conta que a ARS tem dito às unidades privadas que os médicos, mesmo não tendo vínculo ao Serviço Nacional de Saúde, incorrem em incompatibilidade caso trabalhem em mais de duas unidades.

Para a Ordem dos Médicos, não faz qualquer sentido que a ARS venha “alegar uma circular do milénio passado”, querendo “condicionar a livre actividade privada dos médicos”.

“Temos médicos que trabalham exclusivamente no privado e até podem trabalhar um dia por semana em cada instituição. É perfeitamente ético e legal. Se há uma circular, datada de 1990, com esse teor, o que há a fazer é corrigir esse abuso”, comentou o bastonário dos médicos, José Manuel Silva.

“Como é que por uma circular se pode condicionar a actividade privada de qualquer cidadão deste país, sem qualquer raciona, sem qualquer sentido de justiça ou legalidade? É uma arbitrariedade”, continuou.

José Manuel Silva assume que nunca viu a circular datada de 1990 nem compreende qual a razão para se ter agora “recuperado uma circular que em 25 anos nunca foi aplicada”.

A Ordem diz ainda não compreender qual a razão que leva a que a ARS de Lisboa e Vale do Tejo recorra àquela circular, o que não acontece noutras zonas do país.

Fonte oficial da ARS-LVT disse que a instituição se limita a “seguir a circular de 1990”, “cumprindo o que está estabelecido”, não lhe cabendo fazer alterações ou revogar o documento.

A Lusa tentou obter um comentário da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a quem actualmente compete emitir circulares e orientações, mas ainda não obteve resposta.

Segundo a Federação Nacional dos Prestadores de Cuidados de Saúde, a ARS-LVT deu a algumas entidades convencionadas o prazo de 30 dias para resolver a situação dos médicos que trabalhem em mais do que duas unidades, um prazo que está prestes a terminar.

Na carta enviada à ACSS, a Federação vinca ainda que em muitas áreas de cuidados de saúde “há uma conhecida escassez de médicos especialistas”, pelo que a dificuldade de substituir clínicos pode “inviabilizar a prestação de cuidados de saúde à população”.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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