Resistência bacteriana

Manter a eficácia dos antibióticos é uma responsabilidade de todos!

Atualizado: 
14/05/2019 - 11:23
Maior rigor no uso dos antibióticos é urgente, para se travar o aumento das bactérias resistentes ao tratamento. É indispensável sensibilizar cidadãos e profissionais de saúde, porque Portugal já apresenta elevada taxa de resistência bacteriana aos antimicrobianos, segundo a EARS-Net.

Manter a eficácia dos antibióticos é uma responsabilidade de todos! Esta é uma das mensagens que podemos encontrar no site da Direção-Geral da Saúde (DGS) relativa ao uso de antibióticos.

Uma das grandes preocupações em termos de saúde pública é a resistência das bactérias aos antibióticos. Esta resistência traduz-se no facto de, antibióticos, ainda que específicos, perderem a sua capacidade de matar as bactérias ou impedir o seu desenvolvimento. Mutações genéticas das bactérias, que acontecem naturalmente, provocam a resistência aos antibióticos, contudo a utilização excessiva ou inadequada de antibióticos aceleram o aparecimento e propagação de bactérias resistentes ao antibiótico utilizado e até a outros. Esta situação poderá causar o atraso na implementação do tratamento correto e resultar em complicações e insucesso terapêutico, incluindo a morte. As infeções causadas por bactérias resistentes  são habitualmente mais perigosas, o doente poderá também necessitar de mais cuidados, assim como de antibióticos alternativos mais dispendiosos e que podem causar efeitos secundários mais graves.

De acordo com o relatório Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em números (DGS, 2014), a crescente taxa de resistência dos microrganismos, associada ao decréscimo da síntese e desenvolvimento de novas classes de antimicrobianos leva a que o antibiótico, menos de cem anos após a descoberta da penicilina e após ter contribuído para um marcado aumento da esperança de vida média, esteja em “risco de extinção”; isto é, em risco de perda de eficácia. O mesmo documento (pág.47) alerta para o facto de Portugal apresentar elevada taxa de resistência bacteriana aos antimicrobianos, conforme expresso nos dados de vigilância epidemiológica da European Antimicrobial Resistance Surveillance Network (EARS-Net).

Urgente maior sensibilização pública sobre uso de antibióticos

Perante este cenário é indispensável uma maior sensibilização do público em geral e dos profissionais de saúde em particular, para a importância de utilizar os antibióticos de forma racional e adequada, no sentido de travar a progressão da resistência aos antibióticos.

A Direção-Geral da Saúde adverte a população relativamente ao uso “inadequado” dos antibióticos:

Não tomar nas gripes, porque não ajudam a melhorar

“Usar os antibióticos sem necessidade: constipações e gripes são causadas por vírus, contra os quais os antibióticos não são eficazes. Nestes casos, não irá melhorar o seu estado clínico tomando antibióticos: os antibióticos não baixam a febre nem melhoram os sintomas, como espirrar. Como tal, os antibióticos não devem ser utilizados para constipações e gripes.

Usar antibióticos de forma incorreta: quando encurta a duração do tratamento, baixa a dose, não cumpre a frequência correta de administração (isto é, se aumenta o intervalo de tempo entre duas tomas do antibiótico) a quantidade necessária e adequada de antibiótico no organismo não é atingida e as bactérias sobrevivem, podendo tornar-se resistentes.

Portanto, não se automedique e respeite sempre as recomendações do seu médico sobre quando e como tomar os antibióticos.”

Se for prescrito tem de respeitar dose, horário e período de tempo

Estas são informações a divulgar à população em geral, reforçando ainda a importância de não pressionarem o médico para a prescrição de antibiótico. É fundamental o alerta para a toma correta quando prescrito: dose; horário; período de tempo. E ainda a prevenção de infeções, quer seja de feridas, quer infeções respiratórias (tão frequentes no inverno) ou outras.

Evitar as infeções é por isso uma prioridade com inúmeras vantagens como, redução do consumo de medicamentos, dos custos, mau estar, absentismo, etc.

O inverno é mais propício ao aparecimento de infeções respiratórias, amigdalites, entre outras, muitas provocadas pelas diferenças de temperatura, como passar de um local muito quente para um muito frio. Por exemplo a utilização inadequada do ar condicionado induz condições favoráveis ao aparecimento de infeções.

Atenção aos choques térmicos com o ar condicionado

Hoje a utilização do ar condicionado está generalizada, nos automóveis, nas lojas comerciais, nas residências particulares. Os aparelhos de ar condicionado fácil e rapidamente atingem temperaturas muito elevadas, daí a tentação de os programar para valores elevados, levando a um ambiente demasiado quente, o que pode provocar desidratação e choques térmicos. Embora cada pessoa tenha uma sensibilidade térmica diferente, os fabricantes recomendam que os aparelhos de ar condicionado sejam regulados para uma temperatura que se aproxime da do exterior. No Inverno entre 18°C a 21°C e no Verão à volta dos 24°C. A manutenção dos aparelhos também é indispensável, nomeadamente a limpeza regular dos filtros para manter a qualidade do ar.

As crianças é bom dormirem com colete acolchoado

Outra recomendação, esta para crianças pequenas, é utilização de um colete acolchoado durante a noite. As crianças pequenas durante o sono destapam-se, a utilização do colete mantém a região torácica protegida sem provocar sobreaquecimento.

Um “bom” sistema imunitário também evita infeções. O sistema imunitário é fortalecido com uma alimentação equilibrada, rica em vegetais e frutas. Não esquecer a ingestão de água que no Inverno é habitualmente descurada.

Por fim, as indispensáveis regras de higiene e etiqueta respiratória: lavar as mãos frequentemente e não tossir para a mão, mas sim para um lenço ou antebraço.

Evitar infeções e utilizar adequadamente os antibióticos é, de facto, uma responsabilidade individual!

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Autor: 
Helena Rebelo - Enfermeira na UCC de Viseu - ACES Dão Lafões
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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