Manhã de passeio no Rossio valeu rastreio cardiovascular a mais de cem pessoas
Este “mega rastreio cardiovascular”, que decorre durante o dia de hoje, é uma iniciativa da Federação Mundial do Coração, da qual a Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) faz parte, com o objetivo de garantir que as pessoas aproveitem a oportunidade para fazer escolhas saudáveis para ao coração, ajudando-as a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, responsáveis por 17,3 milhões de mortes prematuras em todo o mundo.
Estas são “doenças do comportamento”, alerta Luís negrão, médico de saúde pública da FPC, explicando que “ninguém nasce com a fatalidade de vir a sofrer de doenças cardiovasculares”.
“Hoje em dia cerca de 80% da mortalidade cardiovasculares podia ter sido evitada. É essa a mensagem que queremos passar, queremos que as pessoas adotem hábitos e estilos de vida saudáveis”, acrescentou.
Por volta da hora de almoço, na tenda montada na praça da Figueira, com quatro postos de enfermagem e dois de nutricionismo, entravam e saíam homens e mulheres, jovens e idosos, portugueses e estrangeiros.
Até essa altura, já tinham passado pelo rastreio cerca de 140 pessoas, disse o médico, esclarecendo que “quando a fundação aparece com uma tenda e algum material as pessoas aderem”.
Apesar de quase todos terem sido apanhados de surpresa pelo rastreio, tendo sido convidados a participar quando passavam na zona, a verdade é que o nível de adesão era muito satisfatório, considerou.
“Temos tido casa cheia. As pessoas aparecem, ainda não tínhamos a tenda montada e já tínhamos uma fila à porta. As pessoas estão sensibilizadas”, afirmou.
No entanto, salienta que uma coisa é estarem sensibilizadas sobre a tensão arterial, a diabetes, o colesterol, o peso e o Índice de Massa Corporal (IMC), outra coisa é tomarem medidas para que essas coisas se modifiquem.
“Ninguém sai daqui surpreendido [com os resultados do rastreio], as pessoas conhecem os seus pecados, os seus erros, onde podem melhorar e o que podem fazer para melhorar. O que vêm fazer é confirmar mais uma vez que essas coisas têm que se alterar”.
Luís Negrão admite, contudo, não estar à espera que as pessoas saiam do rastreio e mudem comportamentos, mas acredita que “aquilo fica a bater na cabeça” e que “quando surgirem exemplos práticos as pessoas vão fazer alterações”.
Um dos enfermeiros explicou em que consiste o rastreio, que está dividido em duas partes.
A primeira vertente é a da enfermagem, em que são rastreados sinais de risco de problemas cardiovasculares, através da medição da tensão arterial e dos níveis de açúcar no sangue.
Posteriormente, o utente é avaliado por um nutricionista, que faz a avaliação do IMC para perceber quais os sinais de risco, em caso de gordura localizada, como está a gordura abdominal e para dar conselhos, educando para a saúde.
Durante a manhã passou todo o tipo de casos pela tenda da Praça da Figueira, desde doentes hipertensos, a diabéticos, mas também muitas pessoas saudáveis, acrescentou.
Neste rastreio estão envolvidas ao todo cerca de 30 pessoas, entre enfermeiros e nutricionistas, profissionais da FPC e voluntários da Câmara Municipal de Lisboa.
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e morbilidade em Portugal e estima-se que em todo o mundo aumente para 23 milhões o número de mortes prematuras em 2030.
A maioria destas doenças pode ser prevenida, alterando fatores de risco como o tabagismo, dietas pouco saudáveis e inatividade física, alerta a FPC.