Mais utentes por médico de família “compromete qualidade"
Em comunicado, o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) critica o projecto do Governo que visa, de acordo com notícia publicada no Jornal de Notícias, dar mais 600 doentes a cada médico, uma medida apresentada como transitória, por três anos, para zonas com maiores carências destes profissionais.
"Embora esta intenção não seja propriamente uma novidade, a verdade é que o reforço da aposta nesta medida é mais um sinal claro e inequívoco do desnorte da política de Saúde do actual ministro. Sobretudo nos últimos meses, e perante as constantes notícias de carências em inúmeras unidades de saúde, o ministro Paulo Macedo tem anunciado medidas em catadupa, procurando dar soluções para os problemas por si próprio criados", lê-se na nota.
Assim, o CRNOM não se mostra favorável a que os médicos de Medicina Geral e Familiar passem a ter listas de 2.500 utentes, em vez dos actuais 1.900, lembrando que há actualmente 1,3 milhões de utentes sem médico de família, um número que representa 13% da população portuguesa, segundo a estrutura liderada por Miguel Guimarães que cita uma publicação da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) com data de Fevereiro.
O CRNOM considera que Paulo Macedo está a desenvolver medidas "avulsas" e vinca que "o número de médicos de família que se encontram em formação e que em poucos anos vão estar no mercado de trabalho é suficiente para servir toda a população".
"O médico de família não pode, nem deve, atender os utentes a olhar para o relógio para assim dar resposta ao maior número de consultas possível. Por mais que o ministro da Saúde queira fazer acreditar que esta é uma boa prática", defende o CRNOM, apontando como necessário um "estudo de impacto" sobre estas medidas.
Para a Ordem dos Médicos do Norte existem "medidas alternativas com impactos bem mais significativos nas reduções das listas de utentes sem médico de família".
Os responsáveis por esta estrutura apontam, por exemplo, a atribuição de incentivos financeiros "verdadeiramente atractivos" para que os médicos já aposentados regressem temporariamente ao Serviço Nacional de Saúde.
A negociação com os sindicatos de pagamento de horas extraordinárias em valores bem diferentes dos actuais, é outra das medidas apontadas pelo CRNOM.