Mais de um terço dos jovens portugueses infectados
Carlos Pereira, coordenador do projecto de investigação HELICOVISEU, informou que o estudo levado a cabo ao longo de um ano conclui que um terço dos adolescentes portugueses deu positivo para a infecção por Helicobacter Pylori (HP).
O estudo - desenvolvido por uma equipa de 10 investigadores da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viseu, coordenados por Carlos Pereira e Manuela Ferreira - teve por objectivo quantificar a prevalência da infecção por HP em adolescentes.
Ao todo, foram realizados testes em 447 adolescentes dos concelhos de Viseu e Sátão, com idades entre os 12 e os 18 anos.
“Como era expectável, a infecção por HP é associada à idade, ou seja, quanto mais perto o adolescente estiver dos 18 anos, mais probabilidades existem de estar infectado”, revelou. De acordo com o investigador, também os adolescentes das zonas rurais têm mais 50% de probabilidades de ter este tipo de infecção.
“O mesmo se aplica aos adolescentes que consomem regularmente bebidas alcoólicas, ou seja, há mais 34 por cento de probabilidades de estarem infectados”, acrescentou.
Carlos Pereira não se mostrou surpreendido com os resultados do projecto, já que diversos estudos sobre a matéria informam que mais de metade da população mundial está infectada por Helicobacter Pylori.
“A prevalência desta bactéria é superior nos países subdesenvolvidos, sendo a principal causa da gastrite e úlcera duodenal. É também uma das principais causas para o cancro de estômago”, acrescentou.
O investigador revelou ainda que a Helicobacter Pylori “é uma bactéria relativamente jovem, que foi descoberta há cerca de 30 anos por Marshall & Warren”, “não existindo consenso sobre a sua forma de transmissão”.
Apesar de mais de metade da população mundial estar infectada por HP, "entre 80 a 90% dos infectados nunca chega a ter sintomas associados à bactéria".
O projecto de investigação HELICOVISEU conta com o financiamento do Instituto Politécnico de Viseu, Escola Superior de Saúde de Viseu, CI&DETS (Centro de Investigação do IPV) e Fundação para a Ciência e a Tecnologia, e o apoio do Agrupamento de Escolas do Sátão e do IPATIMUP - Universidade do Porto.