Jovem que morreu no São José teve tratamento adequado
Carlos Vara Luíz é o presidente da sociedade científica que reúne todos os 102 médicos portugueses especialistas na área e admite que o ideal, nestes casos, é operar os doentes o mais rapidamente possível. Contudo, escreve a TSF, sublinha que os tempos de espera aplicados ao jovem de 29 anos estão perfeitamente dentro do previsto nas recomendações internacionais.
O neurocirurgião explica que "o tratamento precoce de aneurismas rotos vai até às 72 horas e o doente ia ser operado às 60 horas, ou seja, estava perfeitamente dentro das normas internacionais".
Carlos Vara Luíz, que também é neurocirurgião no São José mas não teve intervenção neste caso, acrescenta que "quando começou a trabalhar, há mais de 30 anos, estes pacientes só eram operados às duas, três ou quatro semanas, e há países de grande qualidade que mantêm estes prazos".
O presidente da sociedade acredita que o que falhou neste caso foi "a morte de uma pessoa", ou seja, "a pior coisa que pode acontecer a um médico".
O neurocirurgião sublinha que este paciente tinha muitas hipóteses de falecer, "mas ao menos que não morresse à espera, apesar de ter morrido dentro das normas internacionais" que se baseiam em estatísticas recolhidas em estudos científicos.
São José fez bem em não transferir doente
A Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia defende ainda que o médico que tratou o jovem de 29 anos no São José fez bem ao não transferir o doente para um hospital que tratasse aneurismas cirurgicamente ao fim de semana.
Carlos Vara Luíz explica que faria exatamente o mesmo pois "transferir um doente com um aneurisma roto na cabeça é um enorme risco de morte, entre 20% a 37,5%, pelo que devia ficar, como ficou, numa unidade de cuidados intensivos, vigiado e monitorizado".
O especialista diz ainda que a discussão sobre a transferência de David Duarte para outro hospital é "perfeitamente descabida" pois era um "doente com uma gravidade extrema, pelo que andar aos 'tombos' seria impensável".
A Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia subscreve assim os argumentos do Hospital de São José que, no início de 2015, disse à Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que não devia levar doentes com aneurismas rotos para outros hospitais. Explicações que não impediram esta entidade de, em julho, aconselhar o hospital a transferir estes doentes, ao fim de semana, para outra unidade de saúde que fizesse essas operações.