No Porto

Investigadores criam solução com plantas que remove antibióticos das águas residuais

Investigadores do Porto estão a desenvolver uma solução natural para remover antibióticos das águas residuais, com recurso a plantas, ajudando assim a travar a destruição de habitats naturais e contribuindo para proteger a biodiversidade e regular o clima.

"As fito-ETARs são sistemas de zonas húmidas construídos para tratar águas residuais ou poluídas", inspirados nos processos que ocorrem nas zonas húmidas naturais - como estuários e zonas lagunares (alagadas periodicamente), que envolvem solo, vegetação e microorganismos, disseram os investigadores Carlos Gomes e Marisa Almeida.

Este processo natural é uma tecnologia verde constituída por plantas macrófitas (adaptadas a solos alagados) e plantas halófitas (adaptadas a águas com elevado teor de sais), explicaram os investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Segundo os responsáveis, escreve o Sapo, estes sistemas podem ser usados como complemento ou alternativa aos sistemas convencionais de tratamento de águas residuais domésticas, de agro-pecuária ou industriais.

"Apesar de necessitarem de uma área considerável para a sua implantação, os baixos custos de manutenção e operação tornam esta tecnologia verde bastante atrativa", podendo ser utilizada "em qualquer local, desde que adaptada à região", acrescentaram.

Remoção de poluentes
De acordo com a equipa, nos últimos anos as fito-ETARs têm sido utilizadas não só para a remoção de poluentes comuns, nomeadamente nutrientes, matéria orgânica ou bactérias, mas também de poluentes persistentes, como os pesticidas ou os hidrocarbonetos (compostos presentes no petróleo e combustíveis).

Recentemente, continuaram, têm sido testadas para remover poluentes emergentes, como medicamentos e produtos de uso pessoal - desodorizantes e shampoos, entre outros.

Estes poluentes emergentes são continuamente descarregados nos sistemas aquáticos devido à falta de preparação para a sua eliminação por parte das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) convencionais, acarretando diversos riscos para a natureza e também para a saúde humana (resistência a antibióticos, por exemplo), referiram.

Para contornar esse problema, os investigadores estão a verificar as potencialidades das fito-ETARs para a remoção simultânea de poluentes comuns e poluentes emergentes (como antibióticos) de águas residuais de aquaculturas, doce ou salina, "algo ainda não explorado".

Apesar de concentrar o trabalho na remoção de antibióticos, a equipa tem verificado igualmente a remoção de outros micropoluentes, como os filtros UV, presentes nos protetores solares.

Os resultados obtidos, continuaram os investigadores, têm demonstrado que as fito-ETAR podem ser uma alternativa sustentável para controlar, diminuir ou eliminar a presença de poluentes emergentes dos ecossistemas aquáticos.

A possibilidade de reutilização da água tratada, relevante para a economia circular, é também uma das questões em estudo.

Fonte: 
Sapo
Nota: 
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