Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Investigadora diz que faltam enfermeiros especialistas em saúde familiar

Há “necessidade de formação especializada para a prática avançada de Enfermagem de Família” nos cuidados de saúde primários, adverte a professora e investigadora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Margarida Alexandra Moreira da Silva.

Na sequência de um estudo de doutoramento que envolveu 871 enfermeiros de14 agrupamentos de centros de saúde e duas unidades locais de saúde da região Centro, a docente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) constatou que aqueles profissionais atribuem bastante importância a uma Enfermagem centrada no trabalho com as famílias.

A importância do enfermeiro de família está amplamente reconhecida. Desde a Declaração de Munique (Conferência Ministerial da Organização Mundial de Saúde, em 2000) que a figura do enfermeiro de família surge como a de um profissional que, integrado numa equipa multidisciplinar, é responsável pelo contínuo de cuidados a um grupo limitado de famílias, desde a conceção até à morte e nos acontecimentos de vida críticos.

Porém, a maioria dos enfermeiros que trabalha nos cuidados de saúde primários é licenciada em Enfermagem (habilitada para cuidados gerais), havendo, também, neste domínio de atuação, enfermeiros especialistas com formação avançada em diferentes áreas, tais como Saúde Pública, Saúde Comunitária, Saúde Infantil e Saúde Materna.

Assim, “há um desfasamento entre as orientações políticas, ou a própria teoria de Enfermagem, e o que acontece na prática clínica”, salienta a investigadora, ao notar que as competências para o enfermeiro especialista em saúde familiar já estão definidas desde há cinco anos (Regulamento n.º 126/2011).

Cuidados que não estão a ser prestados
De acordo com o Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Familiar (Regulamento n.º 126/2011), cabe ao enfermeiro de família a responsabilidade clínica da prestação de cuidados, combinando a promoção da saúde e a prevenção da doença, gerindo e organizando recursos com vista ao máximo de autonomia dos membros da família.

Este profissional assume-se como elo de ligação entre a família, os outros profissionais e os recursos da comunidade, garantindo a equidade e proximidade aos cuidados de saúde, nomeadamente aos cuidados de Enfermagem. Dentro das suas competências emergem a promoção da capacitação da família face às exigências e especificidades do seu desenvolvimento e a prestação de cuidados específicos nas diferentes fases do ciclo de vida, focalizando-se tanto na família como um todo, quanto nos seus membros individualmente.

Estes são “cuidados especializados que não estão a ser assegurados por não existirem enfermeiros especialistas em saúde familiar, os únicos a quem estão atribuídas estas competências”, insiste a investigadora da ESEnfC, Margarida Alexandra Moreira da Silva.

Por último, a investigadora alerta para que, de acordo com os resultados da sua investigação, “há assimetrias nas diferentes unidades de saúde, sejam unidades de saúde familiar ou unidades de cuidados de saúde personalizados”, no que toca à “atribuição de recursos físicos e humanos” para este novo modelo de cuidados.

Fonte: 
ESEnfC
Nota: 
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