Investigação sobre bases do cancro do estômago
O cancro do estômago "continua a ser um problema gravíssimo, cuja mortalidade é quase igual ao número de casos novos que surgem por ano, e quase toda a gente que desenvolve cancro do estômago tem muito mau prognóstico. Portanto, é uma doença que é preciso trabalhar”, afirmou a investigadora Carla Oliveira, responsável pelo projecto do lado do IPATIMUP.
"E esta é uma forma de a trabalhar, o que nos pretendemos é identificar factores que permitam prever o prognóstico dos doentes mas, por outro lado, também é tentar encontrar alvos que possam ser depois utilizados para desenvolver terapias ou melhorar o regime terapêutico que estão actualmente a ser disponibilizados aos doentes”, sublinhou Carla Oliveira.
O projecto de investigação é promovido pela empresa Coimbra Genomics, dedicada ao campo da genómica e envolve o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), um centro de renome mundial na investigação da doença e a organização chinesa BGI (antigo Beijing Genomics Institute), o maior centro de sequenciação genómica do mundo.
Este é "o protótipo de uma daquelas colaborações que podem funcionar, seria absolutamente impossível para nós com o financiamento que temos actualmente fazer uma coisa deste género sozinhos”, salientou Carla Oliveira.
"Espero que o sucesso do projecto seja definido pelo facto de a parceria ser feliz. Por juntar três entidades que estão envolvidas a fundo numa questão única”, frisou.
Segundo a investigadora do IPATIMUP, "esta é uma nova abordagem ao estudo do cancro do estômago, em que vai ser usada estratificação molecular de doentes antes da sequenciação massiva de material genético. Este é mais um passo para explorar a medicina personalizada para aplicação em doentes com cancro do estômago.”
Também André Albergaria, responsável pela Unidade de Translação do laboratório, considerou que "o projecto representa para o IPATIMUP uma forte aposta na ligação entre a investigação básica e a sua aplicabilidade às empresas com o objectivo de obter tratamentos mais dirigidos e de melhorar a qualidade de vida dos doentes com cancro do estômago”.
O projecto, com um orçamento inicial de mais de 900 mil dólares, será financiado em grande parte pelo BGI, "num exemplo raro de cooperação e investimento luso-chinês nesta área”, disse Nuno Arantes e Oliveira, co-fundador e CEO da Coimbra Genomics.
O responsável salientou que se trata de "um exemplo de confluência de interesses e complementaridade de recursos: a enorme capacidade técnica e financeira do BGI e o incomparável historial científico do IPATIMUP nesta área, a que se junta o ímpeto empreendedor da Coimbra Genomics para tentar resolver um problema de âmbito mundial".