“Intervir contra a diabetes é uma das maiores prioridades de saúde pública”
A diabetes é considerada a pandemia do século XXI prevendo-se que possa atingir, nos próximos 30 anos, mais de 20% da nossa população. Segundo o relatório de saúde da OCDE de 2014, Portugal é o país da Europa com a mais alta taxa de prevalência da diabetes (13%).
A campanha Stop Diabetes, do Programa Nacional para a Diabetes (PND), da Direcção-Geral da Saúde (DGS) tem vindo a actuar para desacelerar o crescente aumento da diabetes em Portugal: a promoção de estilos de vida saudável é a base de uma prevenção eficaz, permitindo reduzir em 60% a evolução da Diabetes nas pessoas em risco.
Silenciosa, a evolução da doença está associada ao risco de várias complicações que resultam na diminuição da qualidade de vida e num grande esforço financeiro para o doente e para o Estado (1% do PIB). Se nada for feito, calcula-se que o número de casos anuais de diabetes duplique para 120 mil nos próximos 10 anos.
A esta doença crónica estão associados elevados custos humanos, sociais e económicos, constituindo-se como a primeira causa de cegueira, diálise, amputações não traumáticas, enfartes do miocárdio e AVC em adultos jovens. De acordo com o mais recente relatório “Diabetes: Factos e Números” do Observatório Nacional da Diabetes, 25% das pessoas que morrem nos hospitais têm diabetes.
A diabetes, bem como as suas complicações - que atingem 40% das pessoas com a doença e muitas vezes já estão presentes no momento do diagnóstico – podem ser prevenidas.
“Diversos estudos demonstram a efectividade de programas de intervenção no estilo de vida. A Declaração das Nações Unidas ‘Unite for Diabetes’ enfatiza a prevenção da Diabetes Tipo 2 como um tópico fundamental na Saúde. Já o Conselho da União Europeia encoraja o desenvolvimento de programas com controlo de qualidade para a mudança sustentada do estilo de vida. Caso contrário, as consequências podem vir a ser desastrosas”, defende José Manuel Boavida, director do PND.
E enumera algumas: “a percentagem de 30% de pessoas que fazem hemodiálise por causa da diabetes pode chegar aos 40% nos próximos anos; em 30 anos duplicarão também os internamentos hospitalares por AVC e por enfarte do miocárdio, que no presente se situam nos 30% associados à diabetes; os gastos directos com a diabetes chegarão a mais de 3 mil milhões de euros e a 15% da Despesa de Saúde nos próximos 20 a 25 anos; os gastos com medicamentos serão incomportáveis para o SNS sendo os doentes, consequentemente, chamados a comparticipar mais; os Serviços de Saúde não terão capacidade para atender e acompanhar um número tão elevado de doentes. Intervir contra a diabetes é uma das maiores prioridades de saúde pública”.
A Diabetes Tipo 2 é a forma mais comum da doença e está fortemente ligada aos estilos de vida, à alimentação e à idade. Um dos objectivos do Programa Nacional para a Diabetes é reduzir a prevalência da diabetes por meio de diversas estratégias de intervenção, nomeadamente através do combate aos factores de risco conhecidos, incidindo, sobretudo, naqueles que é possível controlar, como a hipertensão arterial, a obesidade, a privação de sono, o sedentarismo e o tabagismo.