Estudo DEVOTE

Insulina de nova geração traz benefícios a pessoas com diabetes tipo 2

Atualizado: 
07/03/2018 - 14:49
Estudo DEVOTE permitiu concluir que uma insulina de nova geração ajuda a reduzir o risco cardiovascular nas pessoas com diabete 2. Uma “boa novidade” para médicos e pacientes, na uma vez que “permite uma opção de tratamento eficaz e seguro para os casos em que pode ser aplicado”.

Um novo estudo internacional, publicado pela revista New England Journal of Medicine e apresentado, recentemente, no congresso da Associação Americana de Diabetes vem concluir que existe uma insulina de nova geração, a insulina degludec, pode ser uma boa opção de tratamento para os doentes com diabetes tipo 2, trazendo benefícios no risco de hipoglicemias (grande redução de níveis de glicose no sangue) graves e noturnas, sem aumento do risco cardiovascular.

A diabetes tipo 2 é uma doença associada a um estilo de vida pouco saudável relacionado com más escolhas alimentares, pouco saudáveis e variadas, bem como a uma atividade física pouco ou nada frequente.

Os doentes com este tipo de diabetes desenvolvem frequentemente complicações cardiovasculares e, consequência de algumas terapêuticas efetuadas, as hipoglicemias podem ser um problema impactante sobre a qualidade de vida. O risco cardiovascular nas pessoas com diabetes tipo 2 chega mesmo a duplicar, comparativamente a uma pessoa sem aquela doença.

As investigações têm sido desenvolvidas no sentido de se encontrarem mais e melhores opções que venham dar resposta aos atuais desafios da doença, razão pela qual também foi desenvolvido o estudo DEVOTE.

O estudo, que contou com a participação de mais de 7 mil doentes com uma média de idades de 65 anos, de mais de 20 países, concluiu que a nova opção terapêutica, insulina degludec, reduziu o risco de hipoglicemias graves em 27% bem como em 53% as hipoglicemias noturnas graves destes doentes. Também se comprovou que pode ser um tratamento seguro tendo em conta que não está associada a aumento dos eventos cardiovasculares, nomeadamente morte por causa cardiovascular, enfarte do miocárdio não-fatal e Acidente Vascular Cerebral (AVC) não fatal.

Estas potenciais complicações da doença podem ter um grande impacto social na vida do doente e seus familiares, mas também acarretam custos económicos de tratamento, hospitalização e impacto na vida profissional.

Esta insulina providencia duração de ação para além das 42 horas com um efeito estabilização sobre os níveis de glicose (sendo que as insulinas atualmente comercializadas, são de menor duração de ação). A insulina degludec permite uma maior flexibilidade na dosagem, no caso de o doente não conseguir tomar a insulina sempre à mesma hora, e reduz o risco de hipoglicemias graves em pessoas com diabetes tipo 2, sem que aumente o risco de eventos cardiovasculares.

Este estudo vem trazer uma boa novidade aos médicos e doentes com diabetes tipo 2, pois permite uma opção de tratamento eficaz e seguro para os casos em que este tratamento pode ser aplicado.

A diabetes tipo 2 tem registado um grande aumento em Portugal e no mundo, devido às alterações dos estilos de vida das pessoas no dia de hoje. O Observatório Nacional da Diabetes contabiliza 1,3 milhões de pessoas com diabetes em Portugal, entre os 20 e 79 anos de idade. Este número tem vindo a aumentar nos últimos anos, particularmente à custa do aumento de casos de diabetes tipo 2, colocando o nosso país acima da média europeia. Por estes motivos, esta é considerada uma das doenças pandémicas do século XXI e que necessita de uma reflexão séria, não só ao nível da prevenção mas, também, ao nível das opções de tratamento para estes doentes.

Professor José Silva Nunes
Médico endocrinologista do Centro Hospitalar de Lisboa Central

Nota: 
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