Insuficiência Cardíaca afeta 13% da população acima dos 70 anos
Baseada nos últimos dados divulgados na reunião Heart Failure 2017 que recentemente reuniu os maiores especialistas mundiais desta patologia em Paris, o número de doentes diagnosticados com insuficiência cardíaca congestiva tem vindo a aumentar, atingindo cerca de 2 % do total da população europeia.
De acordo com estes especialistas, existem várias razões para este aumento, que pode estar relacionado com o aumento da longevidade e com o aumento do número de doentes que sobrevive a um enfarte do miocárdio, resultante dos avanços médicos no tratamento desta doença súbita.
Em Portugal, de acordo com o estudo português EPICA de 2002 (Epidemiologia da Insuficiência Cardíaca e Aprendizagem), a prevalência estimada da insuficiência cardíaca em Portugal aumenta claramente com a idade sendo estimada em 12,67% para indivíduos entre os 70-79 anos e 16.14% para os que têm mais de 80.
A insuficiência cardíaca é uma doença crónica embora tenha agravamentos súbitos que obrigam ao internamento através dos serviços de urgência.
A doença pode definir-se de forma simples como a falência do músculo cardíaco como bomba mecânica, condicionando deste modo que o sangue se acumule, por exemplo, nos pulmões, fígado, tubo gastrointestinal, braços e pernas. Por outro lado ocorre a falta oxigénio e nutrientes para os órgãos onde o sangue não chega em condições nomeadamente ao cérebro, rins e músculos.
O sintoma mais característico é o cansaço fácil, associado muitas vezes à retenção de líquidos e aumento do peso corporal. As causas mais comuns para além da doença das artérias coronárias (enfarte do miocárdio) são a hipertensão arterial não controlada; o consumo excessivo de álcool, as miocardites (infecção viral do musculo cardíaco) e as doenças das válvulas cardíacas.
O diagnóstico na maioria das vezes poderá ser feito baseado na história clínica do paciente, na sintomatologia e no exame físico. Os exames laboratoriais (doseamento do BNP: Pró-BNP) e de imagem (RX Torax; Ecocardiograma Transtorácico; Ressonância Magnética Cardíaca) serão complementares no diagnóstico e ajudarão no tratamento e seguimento deste paciente.
O tratamento da insuficiência cardíaca pode ser feito através da prescrição de fármacos que ajudam a melhorar a qualidade de vida e a diminuir a mortalidade: os diuréticos, que diminuiem a retenção de líquidos (furosemido, espirinolactona), de medicamentos que controlam o ritmo cardíaco, como a digoxina e os beta-bloqueantes, ou de vasodilatadores (Inibidores da enzima de conversão da angiotensina), que permitem reduzir a sobrecarga exigida ao coração.
Quando a insuficiência cardíaca é muito grave e não responde de modo adequado ao tratamento farmacológico, pode ser colocada a indicação para implantação de um pacemaker com características particulares que ajuda a sincronizar o musculo cardíaco (CRT), implantar um cardioversor-desfibrilhador ; que previne a morte súbita que pode ocorrer nestes doentes ou equacionar em última análise o transplante cardíaco
O envelhecimento é um dos fatores prognósticos adversos desta doença. A expectativa de vida em idosos depende da natureza da doença subjacente. O prognóstico é variável e depende do quadro clínico do indivíduo.
Quase 50 por cento das pessoas que vivem com esta doença têm uma expectativa de vida curta que pode ser inferior a 5 anos.