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Infecções virais

Atualizado: 
16/05/2019 - 16:24
As infecções virais encontram-se entre as principais causas das doenças que se tratam na medicina geral e familiar. Saiba tudo sobre esta condição.
Vírus

Quando os microrganismos invadem o nosso corpo, aderem à célula e multiplicam ocorre uma infecção. Ou seja, há um desequilíbrio entre as defesas do nosso organismo e o agente invasor que pode ser uma bacteria, um fungo, um parasita ou mesmo um vírus. Neste último caso dar-se-á uma infecção viral.

Um vírus é um minúsculo organismo infeccioso (muito menor que um fungo ou uma bactéria) que necessita de uma célula viva para se reproduzir. O vírus adere a uma célula, geralmente de um tipo específico e, uma vez dentro dela, liberta o seu ADN ou ARN (que contém a informação necessária para criar novas partículas de vírus) e assume o controlo.

No entanto, o que sucede a seguir depende do tipo de vírus e do hospedeiro. Alguns vírus matam as células que infectam. Outros alteram a função celular ao ponto de a mesma perder o controlo sobre a sua divisão normal e tornar-se cancerosa. Outros ainda incorporam uma parte da sua informação genética no ADN da célula hospedeira, mas permanecem inactivos (ou latentes) até que a mesma seja alterada, permitindo então que o vírus emerja de novo.

Mas nem sempre os vírus ganham esta "batalha”, pois o organismo possui um número de defesas específicas e não específicas contra os vírus. Por exemplo, as barreiras físicas, como a pele e as membranas mucosas, impedem os invasores (seja os vírus ou outros microrganismos) de chegar facilmente ao interior do corpo. Se um vírus penetrar no nosso corpo, o organismo defende-se através de variedades distintas de glóbulos brancos, como os linfócitos, que são capazes de atacar e destruir as células infectadas.

Para além disso, podemos criar imunidade para determinados vírus com a administração de vacinas. Estas são preparadas de forma tal que se assemelhem a um vírus específico (por exemplo da gripe ou do sarampo), para que seja administrado às pessoas sem provocar doença. Em resposta a uma vacina, o organismo aumenta o número de linfócitos, capazes de reconhecer o vírus específico. Desta forma, as vacinas podem produzir imunidade face a um vírus específico. Todavia, por vezes, um vírus altera-se (sofre mutação) para evitar o anticorpo da vacina e, nessa altura, é necessário repetir a vacinação.

Por outro lado, é possível adquirir protecção imediata contra uma infecção viral, recebendo uma injecção ou uma infusão de imunoglobulinas. A referida infusão contém anticorpos que foram produzidos por outra pessoa ou então por um animal. Por exemplo, quem viaja para uma zona com prevalência de hepatite A pode receber uma injecção de imunoglobulina contra este tipo de hepatite. Na presença de uma infecção viral, existem medicamentos específicos que as combatem – os antivirais.

Manifestação clínica da infecção viral

A maioria das infecções virais são subclínicas, sugerindo que as defesas do hospedeiro detêm os vírus antes da manifestação dos sintomas da doença. No entanto, a manifestação clínica de uma infecção viral depende de vários factores como a virulência do vírus, a susceptibilidade do hospedeiro, os efeitos de substâncias bioquímicas geradas a partir da interacção vírus-célula e das reacções inflamatórias e imunológicas resultantes dessa interacção.

Portanto, uma doença ocorre somente se o vírus se replica em número suficiente para danificar ou destruir directamente células essenciais, causar a liberação de toxinas pelos tecidos infectados, danificar genes celulares ou danificar funções orgânicas indirectamente como resultado da resposta imune do hospedeiro à presença de antigénios virais.

Embora alguns vírus possam provocar infecções assintomáticas, a sua multiplicação nas células hospedeiras causa danos e, frequentemente, morte celular. No entanto, uma vez ocorrida uma contaminação a possibilidade de existir uma infecção é directamente proporcional ao número de vírus infectantes multiplicado pela sua virulência e inversamente proporcional à resistência local, celular do hospedeiro.

As infecções virais podem se manifestar sob duas formas:

Infecções agudas

O termo infecção aguda indica a produção rápida de vírus seguida da resolução e eliminação rápida da infecção pelo hospedeiro. Essas infecções podem ser localizadas quando se restringem aos tecidos e órgãos que inicialmente foram utilizados como porta de entrada pelo vírus. O aparecimento de manifestações sintomáticas ocorre no ponto de infecção, levando paralelamente a proliferação viral localizada. As infecções agudas sistémicas representam os quadros infecciosos que se distribuem através do organismo e alcançam distintos tecidos e órgãos simultaneamente.

Infecções persistentes

Ao contrário das infecções agudas, as infecções persistentes não são eliminadas rapidamente e as partículas virais ou produtos virais continuam a ser produzidos por longos períodos. As partículas infecciosas podem ser produzidas continua ou intermitentemente por meses ou anos. Existem três tipos de infecções persistentes:

- Infecção crónica – o vírus é continuamente replicado e excretado.
- Infecção de evolução lenta – caracteriza-se por longos períodos de incubação. O desenvolvimento da doença tem um curso longo, progressivo e frequentemente fatal.
- Infecções latentes - O vírus persiste numa forma "não infecciosa” com períodos intermitentes de reactivação. O período de latência de uma virose é definido como o período em que o vírus permanece no organismo sem provocar manifestações clínicas. Geralmente no período de latência não há detecção de partículas virais.

Transmissão

Os vírus encontram-se no meio exterior e podem ser transferidos de um hospedeiro para outro. Esse hospedeiro pode ser representado por uma única espécie, ou como no caso das zoonoses, transferir-se de uma espécie à outra. A transmissão natural dos vírus pode ocorrer de forma horizontal ou vertical, através de várias portas de entrada.

Denominam-se portas de entrada as vias de penetração de um vírus no organismo. O corpo humano apresenta três grandes superfícies epiteliais em contacto directo com o ambiente: a pele, a mucosa do trato respiratório e a mucosa do trato digestivo. Em menor extensão temos as mucosas da conjuntiva e do trato urogenital.

Para conseguir penetrar no organismo, os vírus devem ser capazes de infectar células numa dessas portas de entrada. Por exemplo, ao penetrarem na pele, mucosas ou na circulação sanguínea por trauma, através da mordedura de animais, injecções, transfusões ou transplantes (transmissão horizontal) ou ainda, por via congénita durante a gestação, durante o nascimento e na amamentação através do colostro e do leite (transmissão vertical).

Transmissão horizontal

Representa a transmissão de vírus de um indivíduo para outro da mesma espécie ou não. As vias de transmissão podem ser por contacto directo (indivíduo infectado para hospedeiro susceptível) ou indirecto (através de gotículas ou perdigotos), veiculada por água ou alimentos contaminados ou através de vectores representados por animais vertebrados ou invertebrados.

Transmissão vertical

É representada pela transmissão do vírus da mãe para o embrião/feto, durante a gestação, ou durante o nascimento pela passagem através do canal do parto, ou ainda pela amamentação.

Períodos da infecção:

Período de incubação

Corresponde ao período compreendido entre o início da infecção até o momento em que os primeiros sintomas se tornam aparentes. Na maioria das viroses, o período de incubação varia entre 2 e 15 dias. O período de incubação mantém uma relação de proporcionalidade com o período de transmissibilidade. Ou seja, quanto maior for o período de incubação, mais tempo o organismo permanece a transmitir o vírus.

Período prodrómico

Período da infecção em que o indivíduo apresenta sintomas clínicos generalizados e inespecíficos da doença (por exemplo febre, mal estar, dor de cabeça, náuseas e enjoos, mialgia) e que antecede os sintomas característicos da doença.

Período de transmissão

Período durante o qual o indivíduo infectado permanece excretando e transmitindo o vírus.

Confira…

Infecção

Trata-se do conflito entre os mecanismos de defesa do hospedeiro e a capacidade de agressão intrínseca do microrganismo, levando à implantação, crescimento e multiplicação deste no organismo do hospedeiro, causando algum tipo de prejuízo.

A acção combinada de muitos factores leva ao aparecimento de uma infecção ou doença. Uma infecção viral que produza reacções adversas num hospedeiro susceptível é denominada de doença viral ou virose. Para que uma infecção ocorra é necessário que haja uma fonte de vírus com virulência e em número suficiente para iniciar o contágio do hospedeiro com maior ou menor resistência.

Virulência

Representa o conjunto de mecanismos de agressão do microrganismo. Existem vírus mais virulentos (vírus da varíola), e vírus menos virulentos (vírus da gripe sazonal). O grau de virulência está directamente relacionado à capacidade do vírus causar doença a despeito dos mecanismos de defesa do hospedeiro.

A virulência é afectada por diversas variáveis tais como a quantidade de unidades infectantes, a rota de entrada no corpo e defesas não específicas e específicas do hospedeiro. Ou seja, um vírus de baixa virulência em adultos sadios pode comportar-se muito virulento em crianças, idosos e/ou em indivíduos imunossuprimidos por deficiências imunológicas.

Resistência

Trata-se do conjunto de defesas apresentadas pelo hospedeiro. Uma infecção viral não implica obrigatoriamente o aparecimento de doença, se os mecanismos de defesa do corpo funcionarem eficazmente. O hospedeiro destrói o vírus ou permanece infectado sem apresentar sintomas. Neste último caso, o hospedeiro é caracterizado como portador de um vírus. Os portadores assintomáticos representam um importante problema de saúde pública porque é muito pouco provável que procurem tratamento médico e terão uma probabilidade muito maior de espalhar o agente infeccioso do que indivíduos com sintomas.

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Fonte: 
Manual Merck
ebah.com.br
Nota: 
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