Infecções pelo vírus Ébola podem triplicar para 20 mil até Novembro
“Se não travarmos a epidemia muito em breve, isto vai passar de um desastre para uma catástrofe”, defende Christopher Dye, o responsável de estratégia da Organização Mundial de Saúde (OMS) e co-autor de um estudo divulgado hoje.
Caso não seja controlado, o surto pode arrastar-se por anos e possivelmente tornar-se endémico na África Ocidental, onde já matou mais de 2.800 pessoas.
“Sem melhorias drásticas nas medidas de controlo, o número de casos do vírus e de mortes devido ao Ébola deverá continuar a aumentar de centenas para milhares por semana nos próximos meses”, refere o estudo.
“Preferimos apontar as projecções até dia 02 de Novembro, mas se avançarmos para 02 de Janeiro, [o número de vítimas] pode ser de centenas de milhares”, disse Dye aos jornalistas em Genebra, onde fica a sede da organização.
O responsável admitiu que o receio é que o Ébola se torne numa característica “mais ou menos permanente” da população humana.
Na região afectada pelo surto, o país que enfrenta os maiores desafios é a Libéria, onde mais de 3 mil pessoas foram infectadas e mais de metade morreram, numa altura em que as autoridades de saúde se vêem forçadas a rejeitar apoio a pessoas devido à falta crónica de camas e de pessoas. No país encontram-se cerca de 150 trabalhadores de saúde estrangeiros, mas são necessários pelo menos 600.
Na Serra Leoa, onde mais de 1.800 pessoas foram infectadas e cerca de 600 morreram, há uma "inundação de corpos", depois de terem sido descobertos 200 novos casos.
O estudo da OMS, elaborado pelo Imperial College, de Londres, prevê que se não for tomada qualquer medida relevante, o número de casos confirmados e prováveis a 02 de Novembro será de 5.925 na Guiné-Conacri, 9.939 na Libéria e 5.063 na Serra Leoa.
De acordo com o estudo, a taxa de fatalidade real é superior à que tem sido estimada de uma morte em cada duas infecções, sendo na verdade de 71%.
As Nações Unidas procuram obter quase mil milhões de dólares para derrotar o pior surto de sempre do Ébola, que o Conselho de Segurança já classificou de ameaça à paz mundial.