Infecção urinária no homem
As infecções urinárias afectam o sistema que produz a urina e a transporta para o exterior do corpo: os rins, os ureteres, a bexiga e a uretra. As infecções urinárias são frequentemente classificadas em dois tipos com base na sua localização no aparelho urinário. Ou seja, infecções urinárias baixas ou infecções urinárias altas.
As primeiras incluem a cistite (infecção da bexiga) e a uretrite (infecção da uretra) e são frequentemente causadas por bactérias intestinais que se disseminam para a uretra e, em seguida, para a bexiga. A uretrite pode também ser causada por microrganismos que são transmitidos através de contacto sexual, incluindo a neisseria gonorrhoeae (gonorreia) e a chlamydia. Outra forma de infecção urinária baixa nos homens é a prostatite, que afecta a próstata.
Por outro lado, as infecções urinárias altas envolvem os ureteres e os rins e incluem a pielonefrite (infecção renal). Estas ocorrem frequentemente devido à subida das bactérias pelo aparelho urinário, a partir da bexiga até aos rins, ou, raramente, em consequência dos rins serem atingidos por bactérias transportadas pela circulação sanguínea.
O tipo mais comum de infecção urinária é a cistite, inflamação da bexiga que ocorre em ambos os sexos, mas é mais frequente entre as mulheres devido à anatomia feminina que favorece a infecção. Das infecções que ocorrem nos homens, só um número relativamente reduzido afecta os homens jovens, eventualmente devido aos factores de risco relacionados com este problema.
A cistite é mais comum nos homens que praticam relações sexuais anais e nos que não foram circuncisados. Outros factores que aumentam o risco de infecções urinárias incluem uma obstrução (como a provocada por um bloqueio parcial da uretra, conhecido por estenose) e corpos estranhos, tais como as algálias (que podem ser inseridas para aliviar uma obstrução na uretra). A infecção urinária no homem também está relacionada a problemas de cálculo renal ou a complicações da próstata.
Nos homens com mais de 50 anos, a glândula prostática (uma glândula que se situa próximo da parte inferior da bexiga, envolvendo a porção inicial da uretra) pode aumentar de volume e bloquear o fluxo de urina a partir da bexiga. Esta situação é conhecida por hiperplasia benigna da próstata e pode impedir a bexiga de se esvaziar completamente, o que aumenta a probabilidade das bactérias proliferarem e desencadearem uma infecção.
Por outro lado, existem hábitos e doenças que podem ser factores predisponentes, por exemplo a diminuta ingestão de líquidos, o esvaziamento da bexiga incompleto e pouco frequente, o refluxo da urina da bexiga para os rins, os cálculos (pedras), tumores e alterações do funcionamento da bexiga, diabetes ou a prostatite crónica.
Sintomas da infecção urinária
Os sintomas mais frequentes da infecção urinária são o desconforto ou peso no baixo-ventre, dor e/ou ardor ao urinar, necessidade de urinar mais frequentemente e em pequenas quantidades, por vezes com dificuldade. Frequentemente a urina apresenta um aspecto turvo e um cheiro desagradável, podendo por vezes apresentar sangue.
Nas infecções urinárias complicadas com atingimento do rim, há muitas vezes dor na região lombar, que pode simular a cólica renal, febre elevada com ou sem calafrios, náuseas e vómitos.
A infecção urinária pode, contudo, não dar sintomas e sinais, e o seu médico descobri-la apenas quando executa análises urinárias de rotina.
Diagnóstico da infecção urinária
O especialista diagnostica uma infecção urinária com base nos sintomas e exames (físicos e laboratoriais) efectuados. Pode ainda fazer perguntas sobre a história sexual do doente, incluindo antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis (do doente ou do parceiro), a utilização de preservativos, a existência de múltiplos parceiros e a prática de relações anais. Por outro lado, o toque rectal irá permitir avaliar o tamanho e a forma da glândula prostática.
Se o doente for um homem jovem sem sinais de aumento de volume da próstata, o médico pode pedir exames adicionais para identificar a presença de uma anomalia do aparelho urinário que aumente a probabilidade de infecção, uma vez que as infecções urinárias são relativamente raras nos homens jovens com um aparelho urinário normal.
Os exames adicionais podem incluir a ecografia, a tomografia computorizada (TC), a urografia de eliminação (exame em que, após a injecção de um produto numa veia, várias radiografias são sequencialmente tiradas permitindo ver o aparelho urinário), ou a cistoscopia (exame que permite ao médico inspeccionar o interior da bexiga através da introdução de um pequeno instrumento pela uretra).
Prevenção da infecção urinária
A maior parte das infecções urinárias nos homens não podem ser prevenidas. No entanto, factores como a ingestão hídrica abundante ou o tratamento da obstipação podem diminuir a sua incidência. É igualmente recomendável que o homem não retenha urina por longos períodos e esvazie completamente a bexiga durante as micções.
Também a prática de sexo seguro através da utilização de preservativos irá ajudar a prevenir as infecções que são transmitidas através do contacto sexual. Nos homens com hiperplasia benigna da próstata, a redução da ingestão de cafeína e de álcool e a toma de determinados medicamentos podem ajudar a melhorar o fluxo de urina e a prevenir a sua retenção na bexiga, diminuindo assim a probabilidade de infecção urinária.
Tratamento da infecção urinária
As grandes linhas do tratamento das infecções urinárias incluem medidas gerais e instituição de terapêutica medicamentosa, habitualmente com antibióticos, aquele que for mais indicado para a bactéria em causa, contudo os resultados dos exames laboratoriais da urina ajudam o médico a escolher o melhor antibiótico para a infecção. A dose e a duração do tratamento são determinadas pelo especialista conforme as circunstâncias.
De um modo geral, a maior parte das infecções urinárias não complicadas serão completamente eliminadas com sete a dez dias de tratamento. Uma vez terminado o antibiótico, o médico pode pedir ao doente para colher uma nova amostra de urina para verificar se as bactérias desapareceram.
No entanto, os homens com infecções urinárias altas graves podem precisar de tratamento em regime de internamento hospitalar e antibióticos administrados por via endovenosa. Isto é especialmente verdade quando as náuseas, os vómitos e a febre aumentam o risco de desidratação e impossibilitam a utilização de antibióticos por via oral.
Se o doente for um homem idoso com uma próstata aumentada de volume que provoca uma obstrução do fluxo de urina, as opções de tratamento podem incluir medicamentos ou mesmo cirurgia.
Outros tipos de tratamento eventualmente necessário são as correcções de obstrução urinária, extracção de cálculos, a correcção de factores gerais, como a imunodepressão e a diabetes que aumentam de um modo generalizado a tendência dos doentes a infecções mais graves.
Independentemente do tratamento com medicamentos é importante ter em conta algumas medidas gerais como o aumento da ingestão hídrica, o esvaziamento urinário frequente e completo, cuidados gerais de higiene íntima.