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Ineficiência e custos dos hospitais centrais de Lisboa justificam unidade oriental

O secretário de Estado da Saúde considerou que a "ineficiência" dos hospitais da zona central de Lisboa, aliada aos custos superiores a todo o país, justificam a passagem das valências destas unidades para o Hospital Lisboa Oriental.

"Qual é a justificação para este novo hospital? Bom, está à vista", disse o secretário de Estado, apontando que o Hospital de Santa Marta "é um exemplo" das unidades instaladas em antigas infraestruturas conventuais, "claramente inadequadas para funções assistenciais nos tempos de hoje".

A par disso, "existe uma grande dispersão de edifícios", à qual se junta "inadequação técnica e em matéria de humanização e conforto para os doentes e para os profissionais", o que segundo o responsável resulta numa "larguíssima ineficiência na utilização de recursos".

O secretário de Estado falava na apresentação pública da nova unidade que deverá entrar em funcionamento em 2023 com uma capacidade estimada de 875 camas, e irá ocupar "cerca de 130 mil metros quadrados" na zona de Chelas.

O Estado irá recorrer a uma Parceria Público-Privada (PPP), estando previsto um investimento de 300 milhões de euros para a construção e manutenção da unidade, e 100 milhões para equipamento.

Apesar disso, o que o Estado vai "pagar ao operador privado em termos de construção e manutenção andará à volta dos 16 milhões por ano" e "durante 27 anos", segundo o secretário de Estado.

"A eficiência deste centro hospitalar é a mais baixa no comparador com todos os hospitais centrais do país", vincou o responsável, acrescentando que "os custos por doente padrão neste centro hospitalar são 20% superiores aos custos dos outros hospitais centrais do país".

Assim, o Manuel Delgado advogou que estes dados têm "importância estratégica para a criação do novo hospital".

Intervindo na apresentação, a presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Ana Escoval, afirmou que "o centro hospitalar tem um parque tecnológico muito, mas mesmo muito envelhecido, com avarias sistemáticas em equipamentos que são fulcrais e alguns com reparações impossíveis".

"Pode dizer-se que toda a infraestrutura hospitalar, quer na sua componente médico-cirúrgica, quer hoteleira, quer em instalações e equipamento diverso, estão na sua capacidade limite ou no final da sua vida útil", admitiu Ana Escoval.

Questionado sobre o futuro dos hospitais que compõem o Centro Hospitalar de Lisboa Central (Hospital de São José, Santa Marta, D. Estefânia, Curry Cabral, Capuchos e Maternidade Alfredo da Costa), cujas valências serão transferidas para a zona oriental, o governante referiu que ainda nada está fechado.

"Precisamos de uma integração muito estreita com as unidades que ficarem nesta zona da cidade", precisou, acrescentando que o Governo tem estado e continuará em "conversa permanente com a Câmara e a Assembleia Municipal de Lisboa (AML)".

Na semana passada, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo informou a AML que o D. Estefânia "será transformado num espaço de apoio à criança", estando também prevista para aquele espaço a construção do novo centro de saúde de Arroios, enquanto a Maternidade Alfredo da Costa "irá deixar as suas atuais funções, mantendo-se, no entanto, ao serviço da saúde", destino que se avizinha também para o Curry Cabral.

No hospital de Santa Marta está prevista a "instalação de uma unidade de cuidados de saúde primários", enquanto o São José passará a "hospital de proximidade, servindo em especial a população do centro histórico com patologias crónicas". Apenas o Hospital dos Capuchos "não está previsto" que continue ligado à saúde.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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