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Índice ómega 3

Atualizado: 
05/11/2014 - 12:09
O Índice Ómega 3 é actualmente considerado um dos marcadores mais relevantes para determinar com precisão o risco de doença cardiovascular ou cerebral. Esta é uma excelente ferramenta na prevenção das doenças ditas da civilização. Um índice Ómega 3 baixo, cria um ambiente favorável para o desenvolvimento de arteriosclerose.
Ómega 3

O Índice Ómega 3 representa a percentagem de ácidos gordos Ómega 3 de cadeia longa, EPA e DHA, presentes nos glóbulos vermelhos. Estes ácidos gordos são considerados essenciais, porque como nem sempre os conseguimos sintetizar, devem ser fornecidos pela alimentação.

 

Em que consiste o Teste Índice Ómega 3?
A proporção de ácidos gordos na membrana dos eritrócitos tem demonstrado ser um marcador altamente fiável para avaliar a sua incorporação na dieta nos últimos 3 meses, independentemente da ingestão a curto prazo.

Este índice avalia a presença no organismo de dois dos principais ácidos gordos Ómega 3; o ácido eicosapentaenóico (EPA) e o ácido docosahexaenóico (DHA), propiciados tanto através da alimentação como através da sua síntese endógena a partir do ácido alfa-linolénico (ALA).

Este Índice calcula a percentagem que constituem o EPA e o DHA em relação ao total dos ácidos gordos presentes na membrana dos eritrócitos. Considera-se um nível aceitável um valor acima dos 7,5%.

O Índice Ómega 3 constitui um indicador de risco das doenças cardiovasculares e cerebrais, independente de outros factores de risco, como o colesterol, e representa a percentagem destes ácidos gordos na membrana das células do miocárdio.

O Índice Ómega 3 e a proteína C reactiva têm demonstrado ser os únicos factores estatisticamente significativos para a determinação do risco de doenças coronárias e de morte súbita. Ao contrário da proteína C reactiva, o Índice Ómega 3 pode melhorar através da ingestão de ácidos gordos Ómega 3.

Quais as mais-valias de se efectuar este teste?
O papel do Índice Ómega 3 na prevenção de acidentes cardiovasculares é fundamental. Este índice é uma excelente ferramenta para a medicina preditiva e para uma prevenção personalizada das doenças ditas da civilização.

O Índice Ómega 3 é actualmente considerado um dos marcadores mais relevantes para determinar com precisão o risco de doença cardiovascular ou cerebral. Na realidade, um Índice Ómega 3 baixo cria um ambiente favorável para o desenvolvimento de arteriosclerose.

Para além de fornecer excelentes informações sobre o prognóstico, o Índice Ómega 3 oferece soluções eficazes, seguras e fáceis de aplicar, reduzindo o risco de aparecimento dessas doenças através da correcção da alimentação.

O objectivo do teste Índice Ómega 3 é o de colocar a avaliação micronutricional no centro de todas as estratégias de prevenção, excelentes e fundamentadas.

Qual o papel dos Ómega 3 no nosso organismo?
Os ácidos gordos são componentes estruturais dos seres vivos. Em função da sua estrutura molecular classificam-se em quatro grupos: saturados, trans, monoinsaturados e polinsaturados.

Os ácidos gordos monoinsaturados e os polinsaturados são gorduras saudáveis e necessárias ao organismo. Ao grupo dos polinsaturados pertencem os ácidos gordos Ómega 3. Estes ácidos gordos intervêm no correcto funcionamento de distintos processos fisiológicos e consideram-se essenciais, dado que o nosso organismo nem sempre está em condições óptimas de sintetizá-los. Por este motivo devem ser aportados através da dieta ou de suplementos alimentares.

Os Ómega 3 desempenham um papel importante, na manutenção da fluidez da membrana, na normalização da pressão arterial, nos processos inflamatórios, na agregação plaquetária e na função cognitiva.

Existem 4 áreas, onde se poderão verificar os benefícios dos Ómega 3 de forma acentuada:

Processos Inflamatórios. Existem ácidos gordos que intervêm na modulação do processo inflamatório. Importante para que os mecanismos de defesa não se transformem em auto-agressão. Têm uma acção benéfica, anti-inflamatória, melhoram a bronquite crónica do fumador e o quadro clínico da asma brônquica. Há evidência de melhoria de outras situações caracterizadas por inflamação, como por exemplo na doença de Crohn, doenças eczematosas e doenças infecciosas, e na artrite reumatóide.

Redução do Risco Cardiovascular. O consumo regular e adequado de Ómega 3 reduz o risco de acidentes vasculares por vários motivos:

  1. Actua na prevenção do aparecimento de arritmias. Os Ómega 3 têm a capacidade de “estabilizar” as cargas eléctricas das membranas e a excitabilidade das fibras cardíacas.
  2. Aumento da esperança de vida dos doentes pós-enfarte, devido ao efeito anti-trombótico, anti-inflamatório e vaso-dilatador.
  3. Na redução da pressão arterial e da trigliceridémia.

Ómega 3 na Gravidez e Lactação. O consumo de Ómega 3 neste período é fundamental para o desenvolvimento e crescimento do recém-nascido. Durante o 3º Trimestre da gravidez aumentam muito as necessidades do feto em ácidos Ómega 3 devido ao rápido crescimento do sistema nervoso. Os Ómega 3 têm também um papel relevante no desenvolvimento da retina, já que contem cerca de 60% de DHA.

Dinâmica da Insulina: Com uma maior rigidez da membrana há uma maior dificuldade para a insulina se ligar aos seus receptores na superfície da membrana celular. Alguns autores atribuem a este mecanismo a provável explicação do papel dos Ómega 3 na prevenção e controle da diabetes, da obesidade e da hipertensão.

Quais as consequências dos baixos níveis de Ómega 3?
Os valores óptimos do Índice Ómega 3 situam-se entre 7,5% e cerca de 10%. Abaixo de 4%, o risco de morbilidade cardiovascular está significativamente aumentado. Um Índice de Ómega 3 baixo aumenta o risco de depressão e compromete o funcionamento cognitivo cerebral.

Tem se encontrado uma relação entre uma ingestão baixa em ácidos gordos Ómega 3 e:

  • Acidentes cardio e cerebrovasculares
  • Doenças degenerativas cerebrais como o Alzheimer
  • Depressão e depressão pós-parto
  • Peso do feto e desenvolvimento da retina do feto em grávidas
  • Transtorno de défice de atenção e hiperactividade

Uma deficiência em Ómega 3 pode dar lugar a múltiplas alterações e para citar algumas;  atraso na aprendizagem e no crescimento, eletrorretinograma anormal, lesões de pele , infertilidade , polidipsia e esteatose hepática

O que devemos fazer/que alimentos devemos comer para aumentar esse índice?
O consumo, duas vezes por semana, de peixe gordo permite atingir um índice de Ómega 3 de cerca de 7,5%, o que corresponde ao objectivo de saúde mínimo. A ingestão de óleo de peixe gordo de qualidade permite também obter um Índice Ómega 3 óptimo (cerca de 2 g de óleo de peixe por dia).

O alfa-linolenico (ALA) encontra-se em pequenas quantidades, embora em geral suficiente, nos alimentos que estão presentes na nossa dieta habitual, como as sementes de linho, nozes, soja, colza, entre outros. Os outros ácidos gordos polinsaturados Ómega 3, principalmente o DHA e o EPA, encontram-se quase exclusivamente em peixes de águas frias, como a sardinha, cavala, no arenque, salmão entre outros. O óleo de linhaça também contém ácidos gordos Ómega 3 em quantidades importantes

Entrevista realizada pelo Jornal Médico, Just News, a Dra. Carla Aquina - Especialista em Medicina Preventiva Personalizada  da Labco (www.labco.pt)

Fonte: 
Jornal Médico
Justnews
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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