Incontinência urinária mista
A perda involuntária de urina - incontinência urinária - é um sintoma que define um problema de saúde pública com um impacto social e económico considerável. É uma condição que pode afectar homens e mulheres e existe em todos os grupos etários. Nas mulheres jovens e em idade adulta a prevalência é de 20-30 por cento aumentando progressivamente com a idade podendo no idoso atingir 30-50 por cento.
Existem variados tipos de incontinência urinária mas grosso modo existem três tipos: incontinência urinária de esforço que se caracteriza pela perda de urina relacionada com o esforço, sem sensação de vontade de urinar ou de bexiga cheia, que pode ocorrer predominantemente na mulher jovem e em idade adulta; a incontinência urinária de urgência definida como a perda de urina acompanhada ou imediatamente antecedida por uma vontade súbita ou urgência miccional, que é mais frequente na mulher idosa. Por fim, a incontinência urinária mista uma combinação das duas condições anteriores.
Esta é uma condição socialmente não aceite, rodeada de estigma e de mitos, não só pela falta de conhecimento das pessoas, mas também pelas ideias erradas, preconceitos e intolerância. Numa fase mais avançada pode mesmo levar ao isolamento pessoal e ao constrangimento social, agravados pelo adiamento em procurar ajuda profissional adequada.
É por isso uma condição sub-diagnosticada e, por consequência, sub-tratada, uma vez que os dados disponíveis apontam para que apenas uma em cada quatro mulheres sintomáticas (com perdas) procure ajuda médica. Para além da vergonha, acredita-se, de forma errada, que a incontinência urinária é uma consequência natural da idade, sem tratamento eficaz. Daí que este seja considerado um importante problema de saúde pública, quer pela sua elevada prevalência, quer pelo impacto físico, psíquico e social na vida dos doentes.
Por menos frequentes que sejam os episódios ocasionais de perda de urina, estes originam alterações significativas na qualidade de vida da mulher e do homem, provocando situações de desconforto, e originando, assim, um problema social e/ou higiénico.
São vários os factores que contribuem para o desenvolvimento da incontinência urinária e que vão desde a fraqueza dos músculos do pavimento pélvico, alterações na transmissão dos sinais da bexiga para o cérebro, a obesidade, a gravidez e/ou parto por via vaginal, a obstipação, traumas na região pélvica, a menopausa, entre muitos outros.
O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado na história clínica do doente, embora possa ser confirmado por meios auxiliares de diagnóstico. Devem ser excluídas outras doenças antes de lhe ser diagnosticado o tipo de incontinência, incluindo qualquer lesão na cabeça, no pescoço ou nas costas ou outras condições relevantes como sejam a diabetes, existência de actividade desportiva constante, paridade, historial familiar, análise dos sintomas urinários e exames físicos.
Incontinência urinária mista
Este tipo de incontinência caracteriza-se pela existência, simultaneamente, de incontinência urinária de esforço e de urgência.
Ou seja, coexistem sintomas de perda de urina quando tosse, faz esforços, espirra, levanta objectos pesados ou executa qualquer manobra que aumente bruscamente a pressão dentro do abdómen, mas também de uma urgência e vontade forte e inadiável de urinar, associada à hiperactividade do músculo detrusor da bexiga, que produz uma vontade súbita para urinar, praticamente sem aviso, muitas vezes acompanhada de perda de urina.
Uma vez que a incontinência urinária mista comporta dois tipos diferentes de incontinência, o tratamento deve ter em conta a (s) causa (s), a gravidade da condição e o doente em questão. Pode, por isso, comportar terapia comportamental com mudança/adaptação do estilo de vida e treino de hábitos de micção e da bexiga, terapêutica farmacológica e/ou cirurgia.