Problemas urinários

Incontinência afeta 15% dos homens

Atualizado: 
07/11/2019 - 10:22
Encarada como um tabu, a incontinência urinária é um problema de saúde com fortes repercussões a nível pessoal e social. Estima-se que, em Portugal, 40% das mulheres sofra com esta condição. No entanto, ela não afeta apenas o sexo feminino. 15% dos homens sofre de incontinência em silêncio.

Caracterizada por perdas involuntárias de urina, a incontinência urinária é um problema bastante comum, embora constrangedor.

A gravidade deste problema é variável, existindo casos mais ligeiros e outros mais graves. Em alguns casos não se consegue controlar a urina ao fazer pequenos esforços como tossir ou espirrar.

Para além de um problema de saúde, a incontinência urinária tem um grande impacto na qualidade de vida de quem dela padece.

Fuga ao contato social e isolamento são algumas das consequências mais diretas, uma vez que está sempre presente o medo e a vergonha de que os outros sintam o cheiro. Por outro lado, também a intimidade de um casal pode ser fortemente prejudicada.

As mulheres, entre os 45 e os 65 anos, são as mais afetadas por esta patologia. Apesar da incontinência urinária ser transversal a ambos os sexos e a todas as idades, estima-se que por cada três mulheres a sofrerem com a doença, um homem apresenta as mesmas queixas.

A incontinência pode ser uma incontinência urinária de urgência ou de esforço. A primeira resulta da vontade súbita e incontrolável de urinar, podendo estar relacionada com o envelhecimento ou numa faixa etária mais jovem estar associada a doenças neurológicas.

A incontinência urinária de esforço, que prevalece nas mulheres entre os 45 e os 65 anos, resulta da fragilidade dos músculos pélvicos que suportam a bexiga e a uretra. Tossir, saltar, correr, espirrar ou levantar pesos são tarefas que podem provocar perdas de urina. A explicação está no facto da pressão abdominal aumentar, em cada uma destas situações, e o esfíncter perder a força deixando escapar urina.

Se nas mulheres os partos são apontados como os principais responsáveis por esta situação, uma vez que podem constituir um traumatismo que debilita as estruturas musculares, nos homens este problema pode ser consequência de uma prostatectomia radical – cirurgia utilizada no tratamento do cancro da próstata -, uma vez que esta intervenção pode danificar o esfíncter.

Foi o que aconteceu a António Mendes. Tinha 52 anos quando lhe foi diagnosticada a doença. “Tive de ser operado para remover a próstata. O médico alertou-me para a possibilidade de ficar incontinente”, recorda.

“Andei de fralda…”, acrescenta garantindo que, ainda assim, encarou a situação da melhor forma possível. “Foi uma situação que durou alguns meses”, diz.

“Apesar de me sentir incomodado por usar fralda não tive vergonha do que me estava a acontecer”, afirma.

“Isto mexe com a nossa virilidade claro, mas eu não me identifico com essa postura machista. Se tenho um problema tenho de falar dele, tenho de o assumir”, revela António.

“Lamento que não se fale mais sobre este problema! É preciso despertar mentalidade para que se deixe de ter vergonha”, acrescenta.

António fez cerca de 20 tratamentos para tratar a sua incontinência urinária e que consistiam na introdução de uma sonda pelo recto para estimular a parte muscular. “Hoje estou curado e o facto de ter conseguido aceitar a situação foi muito importante para ultrapassar o problema”, garante quatro anos depois.

Embora o tratamento da incontinência urinária dependa do tipo de problema, gravidade e causas subjacentes, sabe-se que a cirurgia desempenha um papel preponderante na incontinência urinária de esforço, uma vez que, tanto na mulher como no homem, cerca de 90% dos casos são reversíveis.

Alguns especialistas lamentam, no entanto, que, por vergonha, os doentes não procurem assistência médica contribuindo, desde modo, para o agravamento do problema.

É, por isso, importante reforçar a ideia de que a incontinência urinária corresponde a uma situação clínica com tratamento, sobretudo, quando abordada numa fase inicial.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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