Imunoterapia é mais eficaz do que quimio contra cancro da bexiga
O estudo - dirigido por Joaquim Bellmunt, diretor do Instituto Hospital del Mar de Investigações Médicas (IMIM), de Barcelona (Espanha) - realizou-se em 29 países de todo o mundo e iniciou-se quando o investigador espanhol trabalhava no Dana Farber Cancer Institute de Boston (Estados Unidos).
O trabalho demonstrou pela primeira vez que a imunoterapia prolonga a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes com cancro da bexiga em estado avançado, nos quais o tratamento inicial baseado em quimioterapia já não é eficaz.
"Há mais de 20 anos que não havia avanços significativos no tratamento do cancro da bexiga em estado avançado", considerou Bellmunt em declarações citadas pela agência EFE, acrescentando que é a primeira vez que se consegue prolongar a sobrevivência destes pacientes.
O estudo, publicado pela revista New England Journal of Medicine, também destaca um medicamento imunoterapêutico, o Pembrolizumab, como o novo 'standard' para o tratamento deste tipo de cancro.
No total foram seguidos 542 doentes de 29 países, divididos em dois grupos: o primeiro grupo tomou Pembrolizumab e ao segundo grupo foi aplicada uma das três quimioterapias usadas habitualmente para este tipo de cancro.
"O teste demonstrou que os doentes tratados com Pembrolizumab tinham uma maior sobrevivência global, com menos efeitos secundários e melhor qualidade de vida", explicou Bellmunt.
A média de sobrevivência com Pembrolizumab foi de 10,3 meses e de 7,4 meses com a quimioterapia, relatou o oncologista.
Por outro lado, a percentagem de doentes nos quais o tumor reduziu-se ou desapareceu foi quase duas vezes maior entre os que foram tratados com imunoterapia: 21% face aos 11% dos doentes tratados com quimio.
O tratamento 'standard' de primeira linha nos doentes com cancro da bexiga avançado ou metastizado é a quimioterapia, que proporciona uma média de sobrevivência de 12 a 15 meses.
Quando já não respondiam à primeira linha de tratamento e a doença continua a progredir, os doentes tinham até agora poucas alternativas de tratamento e uma sobrevivência média de cinco a sete meses.
O estudo mostra que a imunoterapia, um tratamento que restaura a capacidade do sistema imunitário para atacar o tumor, constitui uma alternativa para estes doentes continuarem a lutar contra o cancro.