A importância do uso de óculos de sol na infância
Segundo o especialista em oftalmologia, Eugénio Leite, “o principal objetivo para o uso de óculos escuros deve ser a sua capacidade de proteger a criança das radiações agressivas para o aparelho visual, devendo filtrar 100 por cento das radiações ultravioletas (UV-A, UV-B e UV-C) e, se possível, filtrar a componente azul da luz visível”.
As crianças devem usar óculos de sol a partir do momento em que consigam o seu manuseamento de forma autónoma. “A proteção, relativamente à radiação solar tem importância, apenas a partir da idade em que a criança adopta um estilo de vida que lhe traz maior exposição, ou seja, quando começa a ter atividades ao ar livre”, acrescenta.
A escolha dos óculos de sol deve obedecer, no entanto, a vários critérios. Sendo que os pais devem certificar-se que os óculos de sol dos seus filhos oferecem a máxima proteção.
“Para quem não sabe, a categoria de lentes não está relacionada com a filtração dos UV. É, naturalmente, ideal escolher óculos de sol que filtrem todos os raios UV, de preferência todas as que são 100 por cento anti UV, independentemente da categoria da lente. Em seguida poderá optar entre as diferentes categorias em função da finalidade a que os óculos de sol se destinam”, explica Eugénio Leite.
“Ao escolher óculos de sol deve optar por uns com uma boa cobertura do rosto para melhor proteger os olhos frágeis da criança”, aconselha. E, idealmente, os óculos de sol devem ter lentes altas “e uma forma arqueada com boa cobertura das zonas laterais da cara”.
De acordo com o especialista, os óculos de sol de uma criança, e até mesmo de um adulto, não devem deixar marcas na cara ou nas orelhas ou causar incómodo. “O ideal é serem confortáveis com a categoria de lente correta (conforto de visão) e com uma boa armação”, refere.
Por outro lado, “as crianças podem levar os óculos de sol ao limite, razão pela qual deverá escolher um modelo resistente em que não haja riscos para a criança se se quebrarem”.
Outro critério importante a ter em conta é qualidade óptica das lentes e que irá depender de dois fatores: a cor e o tipo de lente.
“As lentes devem possuir boa qualidade óptica, que pode ser verificada observando o aspeto global das lentes como simetria, matéria e cor. Para as crianças recomenda-se o uso de lentes ditas inquebráveis”, afirma. Quanto à cor, o especialista aconselha que se escolham lentes com tons cinza ou castanhas.
Eugénio Leite recomenda ainda que esclareça sempre as suas dúvidas com um profissional óptico, considerando que é mais perigoso usar óculos sem proteção adequada do que não usar nenhuns.
“Qualquer oftalmologista é objetivo e claro a respeito de óculos sem proteção adequada: não deve usá-los! A utilização de lentes que não oferecem proteção adequada é considerada mais perigosa do que simplesmente não usar óculos de sol. Isso por que possuímos naturalmente mecanismos de defesa que são inibidos com baixa luminosidade. Quando estamos no escuro a nossa pupila dilata-se e facilita a entrada da luz solar. O mesmo acontece quando usamos óculos de sol com lentes escuras: a pupila dilata-se, entra mais luz solar com as respectivas radiações, e se os óculos não possuírem proteção adequada danificam mais a nossa visão do que se estivéssemos sem óculos, pois inibem os mecanismos de defesa naturais”, justifica o diretor clínico das Clínicas Leite, em Coimbra.
A proteção ocular com lentes de proteção solar é, deste modo, recomendada sobretudo em dias de maior índice UV, “durante os períodos do dia em que a radiação é mais intensa – das 10h às 15h – e nos locais de maior exposição, a grandes altitudes (montanha) ou superfícies muito refletoras (neve e grandes superfícies de água) ”.
Chapéus, bonés ou sombrinhas são excelentes complementos para proteção à exposição solar. “Protegermo-nos quando nos expomos ao ar livre deve ser um hábito diário, incluindo neste pack o uso de protetores solares”, recomenda Eugénio Leite.