Implantes cocleares em crianças sem listas de espera
"Os resultados situam-se ao nível dos melhores centros internacionais, pois cerca de 87% dos doentes falam ao telefone e a maioria das crianças frequentam a escola regular", sublinhou o diretor da unidade, Luís Filipe Silva, em declarações a propósito do Dia Internacional dos Implantes Cocleares, que se assinalou no sábado.
O especialista em otorrinolaringologia salientou que o "acompanhamento adequado das crianças e dos adultos implantados permite monitorizar as suas necessidades e promover a resolução de problemas".
De acordo com Luís Filipe Silva, a Unidade Funcional de Implantes Cocleares (UFIC) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) tem contribuído "para a integração dos surdos implantados no mercado do trabalho, preparando-os para uma vida ativa e autónoma, com um mínimo de limitações".
O trabalho desenvolvido vai desde a substituição de equipamentos, aconselhamento de programas de reabilitação, formação de profissionais do ambulatório (médicos de família, técnicos de saúde, professores) e apoio às famílias, até à supervisão clínica periódica e ajustes de processadores.
"Com uma capacidade de mais de 80 implantes por ano, são atualmente aplicados implantes cocleares bilaterais sequenciais em adultos e crianças, e desde 2016 implementado o programa de implantação bilateral em crianças de acordo com as Normas de Orientação Clínica da Direção-Geral da Saúde", refere.
A técnica de implantação coclear em surdos profundos foi trazida para Portugal em 1985 por uma equipa de otorrinolaringologistas de Coimbra, "que acompanharam sempre a evolução tecnológica mais avançada a nível mundial", acrescenta.
A Unidade Funcional de Implantes Cocleares do CHUC é constituída por uma equipa multidisciplinar que integra médicos otorrinolaringologistas, neurologistas, pediatras, neurorradiologistas, oftalmologistas, geneticistas, além técnicos de audiologistas, terapeutas da fala, enfermeiros, psicólogos, professores e educadores.
A capacidade para realizar o diagnóstico, tratamento e reabilitação de doentes com surdez profunda, bem como a construção de modelos de trabalho específicos, a implementação pioneira de procedimentos de reabilitação e de avaliação de resultados clínicos, assim como a constante investigação e produção de trabalhos científicos, "permitiu àquela unidade alcançar o reconhecimento nacional e internacional nesta área".