Analisado numa investigação

Impacte microbiológico da cateterização venosa periférica

Uma investigação de mestrado realizada na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra faz, provavelmente pela primeira vez, a ponte entre os cuidados de Enfermagem prestados ao utente portador de cateter venoso periférico e o impacte microbiológico daí resultante.

A investigação, da enfermeira Daniela Vidal Correia Pereira dos Santos, foi desenvolvida nos últimos três anos, num hospital central da região Centro e teve por base o estudo de 1080 procedimentos de cateterização venosa periférica (a um total de 411 utentes), dos quais foram analisados microbiologicamente 335 cateteres e respectivas zaragatoas (objecto usado para aplicar medicamentos ou recolher amostras para análise) do local de inserção.

Constatou-se que 62,7% dos 335 cateteres estudados apresentavam pelo menos uma unidade formadora de colónia.

Todavia, só em 91 cateteres se realizou a identificação dos microrganismos, por neles se observar a presença de 15 unidades formadoras de colónia (portanto, com maior risco de infecção), algumas das quais “comensais da pele, outras características do ambiente hospitalar, algumas comensais da flora intestinal e trato urinário, bem como de esgotos”, conclui-se da leitura do estudo de mestrado.

Para a enfermeira Daniela Santos, importa “haver um maior rigor na adopção de medidas simples”, além da “necessidade de reconhecer o cateterismo venoso periférico como um procedimento complexo e que é considerado um factor de risco extrínseco”, que confere maior probabilidade de se poder vir a desenvolver uma infecção associada aos cuidados da saúde prestados.

Surge, pois, a necessidade de reforçar o interesse dos enfermeiros no controlo da infecção, o que poderá passar pela adopção de práticas baseadas na evidência e pela criação de momentos regulares e formais para apresentação e discussão de recomendações e resultados de investigação.

Na óptica da enfermeira Daniela Santos, “o enfermeiro supervisor clínico apresenta um papel preponderante nesta temática, uma vez que está presente, tanto na prática clínica, como no ensino de futuros profissionais, devendo despertar consciências nesta área”.

 

Fonte: 
Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Nota: 
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Foto: 
Escola Superior de Enfermagem de Coimbra