Cancro do colo do útero

HPV: vacina reduz risco de infeção persistente

Atualizado: 
23/09/2020 - 10:14
Sendo uma infeção muito frequente e prevalente na população, sobretudo antes dos 30 anos, o HPV é o grande responsável pelo cancro do colo do útero que, todos os anos, atinge mil mulheres. A vacinação permite reduzir o risco de infeção persistente, mesmo em pessoas sexualmente ativas e já tratadas a lesões causadas pelo vírus.
HPV

Estima-se que todos os anos, em Portugal, mil mulheres sejam diagnosticadas com cancro do colo do útero, uma das principais complicações da infeção por HPV. Considerado pelos especialistas como “um evento natural” que afeta qualquer pessoa sexualmente ativa, “tenha ela um ou mais parceiros”, urge falar sobre a importância da vacinação.

“O Papilomavírus Humano é um pequeno vírus DNA pertencente à família dos Papovaviridae e que que infeta epitélios, mucosos ou cutâneos”, cuja transmissão acontece através do contato sexual entre mucosas e superfícies cutâneas. “A sua transmissão é muito fácil e frequente. Sabe-se que está presente em quase 100% dos cancro do colo do útero”, começa por explicar a especialista em ginecologia, Paula Ambrósio.

Para além ser responsável por este tipo de cancro, o HPV está ainda associado a lesões pré-invasivas e cancros da vagina, vulva, ânus, pénis e orofaringe. “No caso dos condilomas genitais, é responsável por 90% de todas as lesões”, acrescenta a especialista adiantando que, embora estes sejam benignos, “se associam a um enorme desconforto e estigma social e sexual” e cujos tratamentos são, muitas vezes, dolorosos e repetidos.

Esta infeção é quase sempre assintomática – com a exceção dos condilomas genitais que, tratando-se de lesões externas, são facilmente identificáveis – e transitória. “A maioria das pessoas acaba por eliminar o vírus e não tem consequências da infeção. No entanto, em alguns casos, a infeção torna-se persistente e é nestas situações que se podem desenvolver as lesões mais graves associadas ao vírus”, explica.

Quanto a grupos de risco, a especialista refere que todas as pessoas estão em risco de infeção pelo HPV desde que iniciam a sua atividade sexual não existindo, por isso, grupos de risco específicos ao contrário do que acontece com outras infeções sexualmente transmissíveis.

Neste sentido, sendo uma infeção muito frequente e prevalente, “importa identificar as pessoas que têm os tipos de alto risco e que, deste modo, estão em risco de desenvolver lesões pré-invasivas e cancros”.

“O rastreio do HPV não existe”, esclarece Paula Ambrósio. “O único cancro associado ao HPV em que existe rastreio é o do colo do útero. Tradicionalmente, este tem sido feito a mulheres entre os 21 e os 65 anos de idade (cada país tem o seu esquema) e com intervalos variáveis, entre 1 a 5 anos”, explica.

De acordo com a ginecologista, atualmente, a melhor forma de identificar as mulheres com risco aumentado de cancro do colo do útero é através da pesquisa dos HPV de alto risco em mulheres a partir dos 30 anos de idade, em substituição do tradicional teste de Papanicolau.

A importância do diagnóstico precoce prende-se, deste modo, com a necessidade de identificar, cada vez mais cedo, lesões pré-cancerígenas evitando que se venham a transformar numa neoplasia maligna.

Relativamente à prevenção, a especialista destaca a vacinação como a única forma de prevenir a infeção por HPV. “O uso de preservativo previne a transmissão do vírus, mas apenas em 70% dos casos, pelo que não é completamente eficaz”, afirma.

A sua eficácia está comprovada em mulheres e homens dos nove aos 45 anos de idade, no entanto, de acordo com Paula Ambrósio, não existe uma idade limite. No entanto, apesar de idealmente esta vacina ter de ser feita antes do início da atividade sexual, “a verdade é que a grande maioria das pessoas não vai entrar em contato com todos os vírus protegidos pela vacina pelo que se espera uma proteção mesmo em indivíduos sexualmente ativos”.  Admite, deste modo, que “qualquer pessoa, a partir dos nove anos, pode fazer a vacina quer num contexto de vacinação generalizada (como no programa nacional de vacinação) quer numa atitude de proteção individual”.

De acordo com esta especialista, “a existência de uma vacina segura que consegue prevenir 6 tipos diferentes de cancro, tanto em homens como mulheres, é um avanço notável da medicina e é uma arma que devemos utilizar de forma generalizada".

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Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
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