“Hormona do amor” pode contribuir para tratar autismo
Trabalhos anteriores mostraram já que a oxitocina desempenha um papel importante na ligação emocional entre parceiros românticos e entre mães e filhos. Agora, uma investigação desenvolvida na Universidade de Tóquio, no Japão, provou também que esta hormona é capaz de melhorar a actividade neuronal numa área do cérebro associada ao reconhecimento de emoções.
Embora a experiência tenha sido feita em homens autistas em idade adulta considerados “altamente funcionais” - isto é, que conseguem comunicar verbalmente com maior facilidade do que os doentes com autismo severo, os cientistas acreditam que os benefícios da oxitocina podem ser mais amplos.
Hidenori Yamasue, co-autor do estudo publicado no fim de Julho na revista científica Molecular Psychiatry, afirma que esta hormona também é útil para os indivíduos com manifestações de autismo mais graves, já que actua ao nível da interpretação das expressões faciais e não ao nível do diálogo.
“Consequentemente, as pessoas autistas com défices em termos de comunicação não-verbal e interacção com os outros podem beneficiar da administração de oxitocina”, esclarece Yamasue, neuropsiquiatra, em declarações exclusivas ao portal especializado Health Day, citado pelo portal Boas Notícias.
Hormona actua com rapidez no cérebro
Para chegar a estas conclusões, os investigadores japoneses trabalharam com 40 homens autistas, cada um dos quais recebeu uma dose de oxitocina sob a forma de 'spray' nasal. Cerca de 90 minutos depois, a equipa de Yamasue analisou o impacto da hormona na actividade do cérebro, em particular na região do córtex pré-frontal.
Segundo o grupo, os sinais emitidos pelo cérebro naquela região aumentaram após o tratamento, pelo que, quando colocados perante um exercício psicológico durante o qual tinham de determinar se uma personagem de um filme era um amigo ou um inimigo, através de pistas verbais e não-verbais, os doentes tratados obtiveram melhores resultados.
Com efeito, a dose de oxitocina traduziu-se numa maior capacidade de interpretar estas pistas com precisão e numa avaliação emocional mais correcta.
Apesar de os efeitos do tratamento com esta hormona poderem ser vistos com relativa rapidez no cérebro, “os investigadores acreditam, geralmente, que os benefícios se mantêm a curto prazo”, alerta Yamasue, acrescentando que, como tal, serão necessários estudos mais aprofundados em relação às suas potenciais aplicações.