Homossexuais devem tomar medicamentos de prevenção contra a sida
Os progressos na luta mundial contra a Sida estão a ser ameaçados pelos comportamentos de cinco grupos de risco fundamentais, de acordo com o alerta feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na semana passada.
Homens homossexuais, prostitutas, homens transexuais, toxicodependentes que usam drogas injectáveis e pessoas que estão em prisões ou estabelecimentos fechados são os cinco maiores grupos de risco.
A OMS salienta que, apesar do maior risco de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), estes grupos são menos propensos a adoptar medidas de prevenção, a realizarem testes ou a efectuarem tratamentos. Cerca de 50% dos novos casos de infecção ocorrem nestes grupos.
“Assistimos ao aparecimento de epidemias neste grupos-chave”, declarou Gottfried Hirnschall, director do departamento do vírus da imunodeficiência humana (VIH) da OMS. “E essa epidemia está a disparar”, advertiu.
A evolução da medicação e o facto de actualmente ser possível viver com Sida fizeram com que as campanhas de prevenção diminuíssem e as infecções voltassem a aumentar, segundo relata. Nas novas recomendações publicadas na sexta-feira, a OMS recomenda que os homossexuais “considerem tomar anti-retrovirais como método preventivo contra o VIH”.
Porém Gottfried Hirnschall ressalva: “Se têm uma relação estável, ou se as duas pessoas são VIH negativo e não há risco, não há nenhuma razão para tomar”.
“Caso seja uma relação na qual uma das pessoas é VIH positivo e a outra VIH negativo, é uma opção que deve ser considerada”, acrescentou.
“Os estudos realizados não mostram efeitos colaterais muito grandes, mas são medicamentos, tratamentos e, portanto, este aspecto deve ser levado em consideração antes de tomar uma decisão”, acrescentou.
Recomendação já feita nos Estados Unidos
Em Maio, as autoridades de saúde americanas recomendaram que todos os grupos de risco tomassem anti-retrovirais, especialmente os homossexuais, com a esperança de reduzir o número de novas infecções, que não muda há 20 anos.
Tomar regularmente um comprimido que combina dois anti-retrovirais, além do uso de preservativos, pode diminuir o risco de contágio entre 20% e 25%, ou seja, evitar “1 milhão de novas infecções neste grupo em 10 anos”, indica a OMS.
Profilaxia pré-exposição (PrEP) é o nome dado a qualquer procedimento médico que visa prevenir uma doença e, no caso do VIH, exige a toma de um único comprimido, diariamente. Quando adoptado de forma consistente, o PrEP tem demonstrado reduzir o risco de infecção até 92%.
Os especialistas acreditam que a incidência do vírus entre homens homossexuais poderia ser reduzida entre 20 a 25% com o PrEP, evitando até um milhão de novos casos em 10 anos.
Estima-se que cerca de 35,3 milhões de pessoas, em todo o mundo, estejam infectadas com VIH. O número anual de vítimas mortais de sida também está a diminuir. Em 2005 foram registadas 2,3 milhões de mortes por causa da doença e, em 2012, verificaram-se 1,6 milhões.