Homens concretizam mais o suicídio mesmo com métodos menos letais
O estudo, no qual participou o psiquiatra português Ricardo Gusmão, analisou dados oficiais de serviços de saúde mental de Portugal, Alemanha, Hungria e Irlanda.
“Na Europa, os homens têm mais baixas taxas de tentativa de suicídio em comparação com as mulheres e, ao mesmo tempo, maiores taxas nos suicídios consumados, o que indica diferenças de género na letalidade do comportamento suicida”, refere o artigo publicado este mês na revista científica PLOS One.
Depois de analisar vários milhares de atos suicidas (tentativas e concretizações) nos quatro países, a análise concluiu que estes atos são 3,4 vezes mais letais nos homens do que nas mulheres.
Esta diferença de género na letalidade do comportamento suicida é explicada com a escolha de métodos mais mortais por parte dos homens, mas, além disso, as tentativas de suicídio por homens foram classificadas como sendo mais graves, independentemente do método usado, o que sugere ainda diferenças de género na intencionalidade do comportamento suicida.
Esta conclusão de que os homens concretizam mais o suicídio mesmo quando usam os métodos menos letais sugere que poderão ter maior intencionalidade no comportamento.
Os homens usam métodos de suicídio considerados mais letais (como enforcamento, atirar-se de estruturas elevadas, atropelamento ou armas de fogo), enquanto as mulheres recorrem muito a intoxicações (por exemplo, através de comprimidos).
Segundo os autores desta análise, as intoxicações são de longe o método a que mais recorrem as mulheres nos comportamentos suicidas: 87,5 % de todos os atos suicidas do sexo feminino são intoxicações, enquanto nos homens esse valor desce para 38,6%.
De acordo com este estudo, as diferenças de género na letalidade dos atos suicidas foi “bastante consistente nos quatro países europeus analisados” e homens e mulheres não apresentaram diferenças significativas quanto às idades no momento do comportamento suicida.
Foram analisados um total de 8.942 atos suicidas, sendo 8.175 tentativas e 767 consumados. Os dados dos quatro países, incluindo Portugal, reportam-se aos anos de 2008 a 2011.