O opiáceo mais potente

Heroína: efeitos, dependência e abstinência

Atualizado: 
05/11/2019 - 16:56
Apesar de ter começado a ser utilizada como um analgésico, em alternativa à morfina, a heroína veio a tornar-se numa das mais utilizadas drogas ilegais e com mais dependentes no mundo inteiro.
Mulher a injectar heroína no braço

A maioria dos opiáceos foi e é utilizada como medicamento: o láudano costuma ser indicado contra a diarreia; a codeína é utilizada contra a tosse; a morfina, a meperidina e a metadona são utilizadas para aliviar a dor; a metadona costuma ser utilizada para prevenir e tratar a síndrome de abstinência da heroína. Apesar de poderem ser utilizadas como medicamentos muitas pessoas utilizam-nas como drogas, tendo em conta que estas substâncias têm efeitos sobre o sistema nervoso central.

Normalmente, a heroína é adquirida sob a forma de um pó castanho, que os consumidores diluem e injectam por via intravenosa, pois desta forma os efeitos da droga, para além de se manifestarem de forma mais rápida, são mais intensos. De qualquer modo, como esta via de administração costuma ser bastante perigosa, muitos consumidores preferem inalá-la ou absorver pela boca o fumo resultante da sua combustão. Dado que a heroína é uma substância tóxica, a sua administração provoca uma intoxicação aguda.

Por outro lado, como a heroína é uma substância que se costuma adquirir ilegalmente, na grande maioria dos casos, não é vendida no seu estado puro, podendo estar misturada com outras substâncias tóxicas, como a estricnina. De facto, os consumidores não costumam conhecer com precisão a composição do produto que adquirem, o que pode ser extremamente perigoso para os toxicodependentes que a administram por via intravenosa, já que dão origem a graves intoxicações e à morte por overdose de heroína e de outras substâncias tóxicas.

É importante destacar o facto de os efeitos da heroína não serem iguais no início do consumo ou depois de gerada a dependência.O motivo que leva inicialmente uma pessoa a injectar-se, deve-se a uma intensa sensação de prazer e euforia. Posteriormente, o indivíduo vê-se obrigado a consumi-la para evitar o estado de carência que provoca a ausência da substância.

Efeitos imediatos

Sobre o Sistema Nervoso Central:

  • Analgesia;
  • Sonolência;
  • Euforia;
  • Sensação de tranquilidade e diminuição do sentimento de desconfiança;
  • Embotamento mental;
  • Contração da pupila;
  • Náuseas e vómitos;
  • Depressão da respiração (causa de morte por overdose);
  • Desaparecimento do reflexo da tosse.

Outros efeitos:

Produz a libertação de histamina (vasodilatação e comichão na pele).

A nível endocrinológico: inibição da hormona que liberta a gonadotropina; diminuição dos níveis do factor de libertação da corticotropina (diminuem os níveis de plasma do cortisol testosterona).

Na mulher produzem-se ciclos menstruais irregulares.

No aparelho digestivo: os movimentos peristálticos tornam-se lentos, favorecendo a prisão de ventre.

Na bexiga: o tónus do esfíncter aumenta e diminuem os reflexos da micção, provocando

Efeitos a longo prazo e potencial de dependência

Desenvolvimento de tolerância com grande rapidez. Tendência para aumentar a quantidade de heroína autoadministrada, com o fim de conseguir os mesmos efeitos que antes eram conseguidos com doses menores, o que conduz a uma manifesta dependência. Passadas várias horas da última dose, o viciado necessita de uma nova dose para evitar a síndrome de abstinência provocada pela falta dela.

Desenvolve tolerância em relação aos efeitos de euforia, de depressão respiratória, analgesia, sedação, vómitos e alterações hormonais. Estes efeitos, junto com a diminuição da libido, a insónia e a transpiração, são os sintomas dos consumidores crónicos.

Os opiáceos, devido aos seus potentes efeitos eufóricos e à intensidade da sintomatologia de abstinência, geram um alto grau de dependência. Há milhares de pessoas no mundo inteiro que tentam tratar a dependência destas substâncias.

Síndrome de abstinência

Sintomas: desejo de consumo, inquietação e irritabilidade, hipersensibilidade à dor, náuseas, dores musculares, estado de ânimo disfórico, insónia, ansiedade.

Marcas físicas: dilatação da pupila, transpiração, "pele de galinha", taquicardia, aumento da tensão arterial, bocejos, febre.

Os sintomas demoram aproximadamente uma semana a desaparecer, apesar de permanecer uma lembrança constante. A síndrome descrita, embora acarretando muito sofrimento e sensação de perigo para muitos heroinómanos, não é grave e pode ser superada sem riscos para a saúde. Além destes sintomas variarem segundo a quantidade ingerida, frequência, via de administração, etc., a sua intensidade depende em grande parte da motivação e expectativas do indivíduo, do apoio familiar, profissional, etc.

Muitas das complicações típicas dos heroinómanos estão intimamente relacionadas com as infeções causadas pelo uso da seringa, falta de hábitos higiénicos adequados e também pela adulteração do opiáceo mediante produtos tóxicos ou prejudiciais (é frequente encontrar adulterantes como açúcar em pó, talco, lactose, cacau,...). Isto explica o aparecimento no paciente de feridas, abcessos, processos infeciosos como hepatites, pneumonias, SIDA.

Na grande maioria dos casos, os toxicodependentes vêem-se obrigados a tornarem-se vendedores de droga, a prostituírem-se ou a cometerem qualquer tipo de crime para poderem pagar o elevado custo da heroína, o que, independentemente das razões, provoca conflitos cada vez mais graves nos seus ambientes familiares, sociais e profissionais.

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Fonte: 
medipedia.pt
Instituto da Droga e da Toxicodepência
Nota: 
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