Grande estudo sobre depressão fornece nova explicação genética
Embora se saiba que a depressão não se limita apenas aos aspetos psicológicos e pode atingir famílias inteiras, a maioria dos estudos anteriores não conseguiu identificar as variações genéticas que influem no risco de depressão, em particular nas pessoas de ascendência europeia.
Realizado por investigadores norte-americanos, este novo estudo, publicado na revista especializada Nature Genetics, identificou 17 variações genéticas de risco potencial, repartidas por 15 regiões do genoma.
O trabalho descreve “as primeiras associações genéticas representativas com o risco de Transtorno Depressivo Major (TDM) nos indivíduos de origem europeia”, sublinha a revista.
Este vasto estudo, classificado como “pangenómico”, engloba mais de 121.000 pessoas que declararam ter-lhes sido diagnosticada uma depressão ou ter recebido tratamento para a doença. Estão também incluídas 338.000 pessoas que declararam não ter antecedentes de depressão.
Os investigadores utilizaram os dados provenientes da empresa norte-americana de genética 23andMe, que vende testes de ADN a particulares para avaliar o seu risco genético de desenvolver determinadas doenças.
“A identificação dos genes que têm influência no risco de uma doença é uma primeira etapa para a compreensão da biologia da própria doença”, explica Roy Perlis, do Massachusetts General Hospital, coautor do trabalho.
“Esperamos que a descoberta destes genes nos oriente para novas estratégias de tratamento”, acrescenta o especialista, também professor agregado de psiquiatria na Harvard Medical School.
Um estudo recente tinha identificado duas variações genéticas (ou mutações) que podem contribuir para o risco de desenvolver esta doença nas mulheres chinesas, mas tais mutações são extremamente raras noutras populações.
Esta análise identificou nomeadamente genes do sistema nervoso e genes envolvidos no desenvolvimento do cérebro, bem como um gene anteriormente associado à epilepsia e ao défice intelectual.
Em termos mais gerais, Roy Perlis estima que “encontrar genes associados à depressão deverá ajudar a dizer claramente que se trata de uma doença do cérebro”, esperando assim “diminuir a estigmatização” dos doentes.
A depressão atinge mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).