Gene dos ruivos pode aumentar risco de cancro da pele
O risco, surpreendentemente, também é maior para as pessoas que possuem tal assinatura genética mas não apresentam as características físicas próprias dos ruivos, afirmou a equipa internacional de cientistas.
Os resultados estão baseados numa análise genética de tumores de cancro da pele de mais de 400 pessoas, escreve o Diário Digital.
Esta análise revelou que os tumores de pessoas com uma variante do MC1R (gene responsável por dar cor à pele e aos cabelos), que está relacionada com os ruivos, tinham 42% mais mutações - o equivalente a 21 anos de exposição adicional ao sol nas pessoas que não possuem essa variante.
Embora a maioria das mutações genéticas sejam inócuas, quanto mais estas ocorrem, mais provável é que uma célula humana normal se transforme numa célula cancerígena.
Os resultados sugerem que as pessoas com uma variante do gene MC1R são mais suscetíveis a sofrerem processos mutagénicos - resultantes, por exemplo, de agentes como a exposição aos raios UV, que podem provocar cancro da pele, conhecido como melanoma.
“Este trabalho é importante porque as conclusões aplicam-se a uma alta proporção da população, as pessoas que carregam pelo menos uma cópia com uma variante genética no MC1R”, disse o co-autor do estudo, David Adams, do Instituto Wellcome Trust Sanger, no Reino Unido.
Em alguns países, como Inglaterra e Irlanda, essa proporção pode chegar a um terço da população - embora apenas cerca de 2% das pessoas tenham o fenótipo dos ruivos.
Muitas das pessoas que estão em risco nem sabem que carregam a variante, disseram os pesquisadores.
Os ruivos recebem uma cópia da variante genética de cada um dos seus pais. Mas as pessoas que recebem uma só cópia, do pai ou da mãe, provavelmente não têm o cabelo vermelho - e podem permanecer alheias à sua composição genética particular.
Já se sabe há muito tempo que os ruivos queimam-se mais rapidamente debaixo do sol e que são mais suscetíveis aos efeitos mutagénicos da radiação UV - portanto, têm maior risco de cancro da pele.
Mas o novo estudo sugere que há outras maneiras “possivelmente independentes dos raios UV” de que variantes do MC1R podem aumentar o risco de melanoma, disse Adams.
A pesquisa também revelou, pela primeira vez, o risco para as pessoas que não são ruivas mas que possuem a variante.
“Essas pessoas devem ter cuidado extra debaixo do sol, visto que podem ser altamente suscetíveis à radiação UV e outros agentes mutagénicos, algo que muitas pessoas que possuem variantes do MC1R não percebem”, disse Adams.
Pessoas com familiares ruivos têm uma maior probabilidade de possuir uma variante do MC1R, e devem tomar cuidado extra, disse a equipa.
Não ficou claro se as mutações significam que o melanoma em pessoas ruivas é mais ou menos grave.