Carlos Moedas garante

Financiamento para a investigação aumenta e não diminui

O Comissário Europeu para a Ciência e Inovação, Carlos Moedas, tentou tranquilizar a comunidade científica britânica sobre o volume de financiamento para a investigação, garantindo que a ideia "não é diminuir, mas aumentar".

"A ideia não é diminuir, mas aumentar o financiamento à ciência através do novo 'plano Juncker', porque vai ser muito direccionado para a área da ciência, da tecnologia, do digital e da economia do conhecimento. O que estamos a fazer é aumentar a capacidade de investir na ciência", afirmou em Londres, onde iniciou uma visita de trabalho de dois dias.

O comissário europeu foi confrontado pelo geneticista e prémio Nobel da Medicina Paul Nurse, que o conduziu numa visita aos estaleiros do Instituto Francis Crick, o qual vai presidir, sobre a reafectação de verbas do programa de financiamento Horizonte 2020 para o Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos, que privilegiará projectos na economia digital e energia, infraestruturas de transportes em centros industriais, educação, investigação e inovação.

Nurse verbalizou o conteúdo de uma carta assinada por outros cientistas prestigiados sobre a transferência de 2,7 mil milhões de euros, incluindo 221 milhões de euros destinados ao Conselho Europeu de Investigação, que atribui bolsas a projectos científicos de excelência.

"Ao cortar este financiamento, a União Europeia está a dar a mensagem que na Europa não se faz ciência de alto nível, e as ideias que precisamos que se desenvolvam irão para outras partes do mundo", refere a carta, citada pelo jornal The Independent na semana passada.

Paul Nurse vincou: "O que é importante para nós é que exista um bom apoio à ciência e que algumas questões de política sejam bem informadas. Houve alguns soluços com algumas decisões tomadas, mas tenho esperança que pensem bem nelas e que possamos chegar a um entendimento".

Carlos Moedas elogiou a importância da comunidade científica britânica, que só no anterior programa-quadro de apoio à investigação científica captou cerca de sete mil milhões de euros.

"É aquela que representa, em termos de programas da Comissão Europeia, mais sucesso em termos de número de projectos de ciência, investigação e inovação. É vibrante e não é só composta de britânicos, mas também de muitos estrangeiros", vincou.

O comissário iniciou esta primeira visita ao Reino Unido, após assumir as actuais funções, com uma visita aos estaleiros do Instituto Francis Crick, ainda em construção, e que está programado abrir no final deste ano.

Ao todo, representa um investimento de 650 milhões de libras (893 milhões de euros), destinado a criar um ambiente interdisciplinar de investigação em medicina em áreas como o cancro, doenças cardíacas, malária e doenças neurodegenerativas, entre mais de 1.500 trabalhadores.

Carlos Moedas reuniu-se depois com o secretário de Estado para as Universidades, Ciência e Cidades, Greg Clark, e, durante a tarde, acompanhará o presidente da Câmara Municipal de Londres, Boris Johnson, para uma visita a várias instituições científicas da cidade, especializadas em inovação digital.

O dia encerra com uma palestra e discussão na Royal Society, onde se falará da "Ciência sem fronteiras" e da "Diplomacia da ciência".

Na terça-feira, o comissário Europeu terá mais encontros com cientistas e visitas a unidades de investigação, concluindo a viagem a Londres, com encontros com membros da Câmara dos Comuns e da Câmara dos Lordes.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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