Existem equívocos e dúvidas sobre o impacto da dupla mastectomia
Entre as mulheres que efetuaram a dupla mastectomia, 36% acreditavam que teriam mais hipótese de sobrevivência. Estudos têm mostrado que para as mulheres em risco médio de um segundo cancro, remover a mama não afetada não significa aumentar o índice de sobrevivência.
O estudo, que foi apresentado no encontro anual da American Society of Clinical Oncology, ouviu 1.949 mulheres que tinham sido tratadas por cancro da mama. Cerca de 20% das mulheres que participaram da pesquisa tiveram ambos os seios removidos, um procedimento chamado mastectomia profilática contralateral. Mesmo entre as pacientes sem mutação genética ou histórico familiar que poderia colocá-las em risco de desenvolver cancro na outra mama, 19% passaram pela dupla mastectomia.
"A nossa conclusão de que tantas mulheres estão a fazer uma cirurgia ‘mais extensa’ do que é necessário para tratar sua doença é impressionante. Mulheres diagnosticadas com cancro da mama ficam naturalmente ansiosas e fazem tudo o que está ao seu alcance para lutar contra a doença. Muitas das minhas pacientes dizem que querem fazer tudo o que puderem só para estarem lá para os seus filhos. Cabe a nós, como médicos, certificarmo-nos de que elas entendam quais os tratamentos que vão realmente beneficiá-las, e quais as ações que podem parecer heroicas, mas na verdade não vão melhorar os resultados para uma típica mulher com cancro da mama em estágio precoce," diz a autora do estudo, a médica Reshma Jagsi, professora adjunta de Radiação Oncológica da Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan.
As recomendações do cirurgião – ou as perceções das recomendações do cirurgião – desempenharam um grande papel. Apenas 4% das mulheres que não tiveram recomendação do seu cirurgião para fazer a dupla mastectomia passaram pelo procedimento. Mas 59% das mulheres que entenderam que o cirurgião apoiava o procedimento passaram pela dupla mastectomia.
"Os pacientes estão a ter perceções que realmente necessitam de ajustes. Os médicos precisam resolver este problema de desinformação. As mulheres têm que entender tudo sobre a mastectomia profilática contralateral, além de compreenderem exatamente o que os cirurgiões lhes dizem," diz o também autor do estudo, o médico Steven J. Katz, professor de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da U-M.