Excesso de álcool aumenta risco de cancro na Europa
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De acordo com os resultados do estudo feito pela União Europeia de Gastroenterologia (UEG), 20% da população europeia com mais de 15 anos bebe excessivamente pelo menos uma vez por semana. Segundo os autores da investigação, o consumo de apenas uma bebida alcoólica por dia aumenta o risco de cancro do esófago, enquanto o consumo de mais de quatro está relacionado com maior propensão para desenvolver cancro do intestino, do pâncreas e do fígado.
Ao Diário de Notícias, Marília Cravo, médica gastroenterologista na rede Hospital da Luz, reforça que "o consumo de álcool está relacionado com o aumento de várias neoplasias digestivas: fígado, o mais comum; tumores do esófago, muitas vezes associados a outros fatores como o consumo de tabaco; e pâncreas, cuja incidência está a aumentar". Em relação ao colorretal, a especialista diz que a ligação não estava tão marcada, pelo que este estudo introduz algumas novidades.
Embora existam cada vez mais evidências científicas dos perigos associados ao consumo de bebidas alcoólicas, a UEG diz, no entanto, que a grande maioria dos europeus desconhece a relação entre o álcool e o cancro, razão pela qual pede mais educação e preços mais responsáveis. Ao DN, Marília Cravo refere que "ainda há muitos doentes que dizem que o vinho é de casa, feito por eles, que é um produto natural e só tem qualidades boas", desvalorizando "o efeito nocivo que o álcool tem só por si".
Paul Fockens, o próximo presidente da UEG, diz que a Europa tem de mudar a sua atitude em relação ao álcool. "Os custos sociais e as consequências para a saúde do aumento do consumo de álcool são enormes. É hora de tomar medidas positivas e proativas em benefício das gerações atuais e futuras", disse, citado pelo El País.
Para a realização do estudo, a UEG analisou os dados da Organização Mundial da Saúde, segundo os quais os europeus bebem 11,2 litros de álcool por ano, um consumo que está relacionado com metade dos cancros de fígado identificados no continente.
Apesar de estar associado a várias doenças, Marília Cravo lembra que "em pequenas doses, o álcool também pode ter um efeito protetor não só ao nível de várias neoplasias, mas também de doenças cardiovasculares". No entanto, frisa, isso só acontece quando há "consumo moderado".