Europeus estão a viver mais, mas não com boa saúde
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"Temos que investir na vida das pessoas e no capital humano, na educação e no desenvolvimento de habilidades, e também na saúde e na assistência", destacou o comissário europeu de Saúde, Vytenis Andriukaitis, em conferência de imprensa. "Não devemos ver esta despesa como inevitável, mas como um investimento no futuro", acrescentou.
O envelhecimento da população e o aumento das doenças crónicas, assim como os limites orçamentais, fazem com que seja "necessário" que haja uma mudança no fornecimento de assistência médica, afirma a Comissão, baseando-se no relatório realizado com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre a situação da saúde e o acesso aos cuidados médicos na Europa.
A proporção de pessoas com mais de 65 anos na União Europeia passou de menos de 10% em 1960 para cerca de 20% em 2015, e pode chegar a 30% em 2060, de acordo com as projeções. Em 18 estados do bloco (só um do leste, a Eslovénia), a esperança média de vida é superior a 80 anos. Porém, isso nem sempre é sinal de boa saúde, visto que na União Europeia há cerca de 50 milhões de pessoas com doenças crónicas, indica o relatório.
Além disso, cerca de meio milhão de europeus em idade ativa morrem todos os anos por doenças crónicas, o que gera perdas de cerca de 115 mil milhões de euros. Os gastos de saúde na União Europeia representam 9,9% do PIB em 2015, em comparação com 8,7% em 2005.
Andriukaitis lamenta ainda que "um grande número de pessoas morram a cada ano por doenças evitáveis relacionadas com fatores de risco como o tabaco ou a obesidade".
Na União Europeia, uma em cada cinco pessoas é fumadora, e 16% dos adultos são obesos, em comparação com 11% em 2000. A obesidade, tal com o consumo excessivo de álcool, são problemas cada vez mais comuns na Europa, a região onde mais se consome álcool no mundo, indica o relatório.
Desigualdades entre estados
"Ainda há muito para fazer para reduzir as desigualdades em matéria de acesso aos cuidados de saúde e da qualidade destes", afirma Angel Gurría, secretário-geral da OCDE.
A duração média de um internamento hospitalar passou de 10 dias em 2000 para oito dias em 2014. Em alguns tratamentos, as diferenças entre os países continuam a ser significativas.
Após um ataque cardíaco, por exemplo, os pacientes permanecem internados, em média, menos de cinco dias na Bulgária, Dinamarca, Suécia e Eslováquia, em comparação com os 10 dias da Alemanha. Estas diferenças também refletem as variações nas práticas hospitalares e nos sistemas de pagamento, segundo o relatório.
No Reino Unido, Alemanha, Holanda e Eslováquia, predomina o uso de medicamentos genéricos, que representam mais de 70% dos produtos vendidos. Na Itália, Luxemburgo e Grécia, esta taxa é de menos de 20%. Em quatro países - Chipre, Grécia, Bulgária e Roménia - mais de 10% da população não tem cobertura médica básica.