Projecto Places4All

Estimular o país a criar espaços acessíveis a todos

Avaliar, classificar e dar informação sobre condições de acesso em espaços físicos é o desafio do Places4All, projecto apresentado no Porto com a convicção de que a acessibilidade deve ser um "requisito e não uma adaptação".

Sejam pessoas com desafios de mobilidade, audição, visão, cognitivos ou de comunicação, quem tem necessidades especiais procura espaços que reúnam requisitos de acessibilidade para viajar, jantar ou fazer compras.

O Places4All, ou em português "espaços para todos", dispõe-se a fazer exactamente isso: avaliar espaços e divulgá-los, acabando por servir de "incentivo" a que outros lugares queiram "dar aquele passo na acessibilidade", conforme descreveu o fundador deste projecto de empreendedorismo social, Hugo Vilela.

"Partimos do princípio de que a acessibilidade deve ser um requisito como é a electricidade, estética do edifício ou a higiene e segurança alimentar. Se os espaços já se preocupam com acessos, então vamos encontrá-los e incentivar a melhorar cada vez mais", descreveu.

Hugo Vilela, que tem um mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico e começou a dar forma ao Places4All em março de 2014 no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC). É simultaneamente avaliador de espaços, mas também utilizador, uma vez que se desloca em cadeira de rodas.

A restante equipa junta profissionais de áreas como arquitectura, saúde e gestão e, no conceito de "avaliador-utilizador" o grupo conta também com uma pessoa surda.

Em maio do ano passado, a Places4All "usou" o Teatro do Campo Alegre, no Porto, para realizar um "piloto" ao seu sistema que no fundo consiste em avaliar seis áreas (estacionamento, percurso exterior, entrada, percurso interior, bens e serviços e casas de banho) do espaço, emitir um relatório com sugestões de melhoria e atribuir uma "nota" que se converte num dístico.

Ainda sobre os critérios de classificação dos espaços, Hugo Vilela explicou que estes têm por base a legislação em vigor (Decreto-Lei 163/2006), mas somam-se outros indicadores.

"As normas são um bom princípio à acessibilidade física, mas não são suficientes porque faltam questões como atendimento, imagem, som, contraste de cores. No fundo o ambiente que o lugar oferece. Se é ou não acessível a todos", explicou.

O Teatro do Campo Alegre mereceu a classificação global de 82,43% e após este "teste", a Places4All "entregou-se" à, para já, sua maior empreitada: fazer a avaliação de 39 áreas de serviço de todo o país.

"Foi assim, com esse contacto, que do Porto, decidimos saltar para o país", descreveu Hugo Vilela, avançando que já está a ser constituída uma equipa em Lisboa, podendo seguir-se Faro, e Évora.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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