Espaço de apoio às vítimas de violência doméstica
Um equipamento multidisciplinar de apoio às vítimas de violência doméstica vai nascer em Lisboa, por iniciativa da Junta de Freguesia de Santo António, revela o jornal Público. A abertura do Espaço Júlia, que assume esse nome em homenagem a uma idosa assassinada pelo marido em 2011, deve acontecer em Julho.
Neste equipamento, que vai funcionar num espaço na Rua Luciano Cordeiro, junto ao Hospital de Santo António dos Capuchos, as vítimas daquele crime poderão beneficiar de “um atendimento especializado”, e em múltiplas valências, 24 horas por dia.
Esse atendimento será prestado, como se explica em comunicado, por “técnicos de ação social com formação específica na área da violência doméstica, conjuntamente com polícias da PSP”. No local será também possível fazer o “encaminhamento” das vítimas para “diversas autoridades com competências na saúde e segurança social”.
A ideia de criar um espaço com estas caraterísticas foi da Junta de Freguesia de Santo António, que tem vindo a trabalhar neste projeto há cerca de seis meses.
O presidente da junta explica que o trabalho dos técnicos de apoio social, mas também contactos que trabalhadores de outras áreas da junta desenvolveram no terreno, levaram à constatação de que havia a necessidade de “uma solução local” para prestar apoio às pessoas vítimas deste “flagelo”. “A freguesia é o que está mais perto do cidadão, e a linha da minha chefia é ser pró-activo. Se há problemas vamos tentar descobri-los”, diz Vasco Morgado.
Depois de estabelecido o contacto com a PSP, a ambição do projeto cresceu, e o autarca social-democrata chegou à conclusão que ele tinha que ser maior do que as fronteiras da freguesia. Nesse sentido, o Espaço Júlia será aberto a todas as vítimas de violência doméstica, independentemente da sua origem ou local de residência.
Além da PSP, é parceiro desta iniciativa o Centro Hospitalar Lisboa Central. Como explica Vasco Morgado, é do Hospital de Santo António dos Capuchos a propriedade do imóvel, na Rua Luciano Cordeiro, onde o novo equipamento vai nascer. As obras necessárias para a adaptação do espaço, onde funcionava uma agência bancária entretanto desativada, vão ser desenvolvidas pela junta de freguesia.
Em comunicado explica-se que o local “terá uma entrada independente, assegurando assim a privacidade, o conforto e a segurança devida às vítimas deste tipo de crime”. Acrescenta-se ainda que haverá três gabinetes e um espaço dedicado às crianças, e que além da prestação de apoio a quem aqui se dirigir haverá uma “promoção de actividades de caráter preventivo e pedagógico na comunidade local”.
Designar o novo equipamento como Espaço Júlia é, para Vasco Morgado, uma forma de prestar homenagem a uma mulher de 77 anos que foi assassinada em 2011 pelo marido na sua casa, na Rua Luciano Cordeiro, mas também de “humanizar” aquele que se pretende que seja um porto seguro para as vítimas de violência doméstica.