O que é?

Esofagite

Atualizado: 
31/07/2019 - 11:52
O esófago é um tubo muscular que transporta os alimentos desde a boca até ao estômago, estando localizado maioritariamente a nível do tórax.
Esófago

Normalmente não sentimos este órgão, excepto quando engolimos. No entanto, se o revestimento interno (denominado de mucosa) do esófago ficar inflamado, podemos sentir dor no peito ou dificuldade na deglutição. Esta inflamação do esófago é denominada de esofagite.

A esofagite tem diversas causas comuns

Refluxo ácido

O refluxo ácido é, de longe, a causa mais comum de esofagite (também denominada doença de refluxo gastro-esofágico ou DRGE). Nesta situação ocorre fluxo retrógrado do ácido do estômago, o que resulta numa queimadura química do esófago.

O refluxo de ácido do estômago para o esófago pode levar à inflamação da mucosa do esófago e causar azia e sensação de ardor no peito.

Distúrbios alimentares

De forma semelhante ao refluxo ácido, os vómitos frequentes podem causar uma queimadura ácida do esófago. A esofagite pode, por vezes, ser observada em pessoas com distúrbios alimentares, tais como a bulimia.

Medicamentos

Alguns medicamentos comuns podem causar uma queimadura química do esófago. Os comprimidos que têm uma maior probabilidade de causar esofagite incluem:

  • A aspirina;
  • A doxiciclina;
  • Os suplementos de ferro;
  • Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, tais como o ibuprofeno ou o naproxeno;
  • Medicamentos para a osteoporose, tais como o alendronato ou o risedronato.

Quimioterapia e radioterapia para o cancro

Alguns destes tratamentos podem lesar o revestimento do esófago, resultando numa esofagite.

Infecções

As infecções no esófago podem causar igualmente uma esofagite, ocorrendo geralmente em pessoas com deficiência do sistema imunitário. A esofagite secundária a infecções é comum em doentes com infecção pelo VIH, pessoas que tomam medicamentos corticosteróides a longo prazo, doentes submetidos a transplantes de órgão ou que foram tratados com quimioterapia para cancro.

Apenas alguns tipos de infecção podem surgir no esófago, tais como:

  • Fungos (como a Candida);
  • Vírus Herpes Simplex (HSV);
  • Citomegalovírus (CMV).

Mesmo numa pessoa que já apresenta uma infecção herpética na boca, esta raramente se dissemina para o esófago se o sistema imunitário não estiver deprimido.

Manifestações clínicas

Os sintomas principais de esofagite são:

  • Dor no tórax (retrosternal) ou na garganta. A dor pode ser tipo queimadura ou uma sensação de peso ou facada. Se a esofagite for causada por refluxo ácido, a dor pode ser mais intensa depois das refeições ou quando a pessoa está deitada. A dor da esofagite pode ser constante ou intermitente;
  • Dificuldade na deglutição, incluindo o agravamento da dor torácica quando o doente engole ou uma sensação de que os alimentos ficam presos no tórax depois da deglutição;
  • Quando a inflamação é exuberante pode surgir hemorragia, observada sob a forma de sangue no vómito (hematemeses) ou nas fezes (melenas), que podem apresentar uma cor escura pela presença de sangue digerido.

Diagnóstico

O diagnóstico é frequentemente realizado com base nos sintomas.

A forma mais fidedigna de avaliar esofagite é através da observação directa do interior do esófago por meio do chamado endoscópio. O endoscópio consiste numa câmara acoplada à extremidade de um tubo flexível. Este tubo é suficientemente longo para alcançar o estômago e a primeira porção do intestino delgado (duodeno). Este procedimento é, por vezes, denominado endoscopia digestiva alta.

Através da utilização do endoscópio, o médico pode encontrar inflamação no esófago ou esofagite. O médico irá procurar identificar a presença de áreas onde o revestimento do esófago sofreu “desgaste” (denominadas erosões ou úlceras) ou apresenta vesículas  ou áreas cicatriciais. Em alguns casos, o médico irá fazer uma biopsia ao esófago obtendo uma pequena amostra da mucosa através da extremidade do endoscópio. Este tecido é subsequentemente observado ao microscópio por médico especialista.

Através de endoscopia, o médico pode observar a mucosa do esófago e saber se esta se encontra inflamada. Como referido anteriormente, em determinadas circunstâncias devem ser retiradas biópsias da mucosa para esclarecimento da causa da esofagite.

Uma vez que a esofagite é apenas uma das causas possíveis para os sintomas de dor torácica ou de dificuldades na deglutição, o médico pode pedir outros exames para avaliar o coração, os pulmões e restante o aparelho digestivo.

História Natural

A duração dos sintomas depende da facilidade com que a sua causa pode ser corrigida. Os casos de refluxo grave ou de infecções por vírus resistentes, por exemplo, podem requerer várias tentativas antes de se conseguir encontrar o medicamento ou tratamento certo. Na maior parte dos casos, os sintomas começam a melhorar dentro de alguns dias após o início do tratamento apropriado. Contudo, pode demorar semanas até que os sintomas desapareçam completamente. A esofagite secundária a uma infecção pode ser mais difícil de tratar se o sistema imunitário estiver gravemente deprimido.

Prevenção

A causa mais comum de esofagite, o refluxo ácido, pode, por vezes, ser prevenida através da instituição de algumas medidas bastante simples:

  • Evitar refeições pesadas e volumosas, especialmente nas horas que antecedem o deitar;
  • Cortar os cigarros e o álcool;
  • Cortar líquidos às refeições;
  • Evitar consumir grandes quantidades de cafeína, chocolate, hortelã-pimenta e alimentos com um teor elevado de gorduras;
  • Controlar o peso. Emagrecer;
  • Não usar roupas apertadas.

Se a pessoa tiver azia apesar destas medidas, o médico pode sugerir que tome um medicamento que bloqueia o ácido do estômago.

Todos os medicamentos de venda livre ou sujeitos a prescrição médica devem ser tomados de pé ou sentada e ser engolidos com água. Isto é especialmente importante para os medicamentos que podem causar esofagite.

Tratamento

O tratamento depende da causa de esofagite.

Refluxo ácido — Podem ser utilizados medicamentos que bloqueiam o ácido, incluindo os inibidores da bomba de protões. Em alguns casos difíceis de tratar, geralmente quando os sintomas são refractários a medicamentos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica ao estômago para ajudar a prevenir o refluxo. Esta raramente está indicada.

Medicamentos — A ingestão de um copo cheio de água depois de tomar um comprimido pode ser útil. De um modo geral, se tiver surgido esofagite, é necessário parar o medicamento, pelo menos temporariamente enquanto esta cicatriza. Uma vez que o ácido pode agravar a esofagite causada por medicamentos, o médico pode prescrever igualmente um medicamento bloqueador da acidez gástrica para acelerar a cicatrização.

Infecções — A escolha do tratamento depende do agente infeccioso que causa a esofagite. Algumas infecções do esófago são difíceis de tratar através de comprimidos ou líquidos por via oral, pelo que os medicamentos podem ter que ser administrados por via endovenosa.

Quando contactar um médico

Se não conseguir comer ou beber devido à dor durante a deglutição ou se deixar de conseguir engolir e os alimentos voltarem à boca, é sinal para procurar imediatamente o seu médico.

Se os sintomas não desaparecerem com o tratamento inicial, consulte o seu médico. Ocasionalmente, a cicatrização do esófago irá causar uma dificuldade persistente na deglutição que pode requerer uma terapêutica para dilatação de uma estenose através de uma endoscopia.

Prognóstico

Quase todos os casos de esofagite podem ser curados. Algumas causas, como o refluxo ácido, podem requerer tratamento a longo prazo. A esofagite causada pelo refluxo, se persistente e/ou não tratada pode evoluir para um tipo de cancro do esófago, o adenocarcinoma, cuja incidência tem aumentado nos últimos anos.

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Fonte: 
HMSPortugal
Nota: 
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